Nem pensar neste cenário, porque é sempre a representação de um papel de confusão e de cobardia para não se ver a realidade real diante dos nossos olhos. Um estraga; o outro (o mesmo) enterra a memória no cabresto. Em simbiose, claro. Contudo, a realidade da nossa vivência cultural e social não se encaixa bem neste modelo de artificialismos bacocos.
O cidadão vive o quotidiano, com mais ou menos facilidades ou dificuldades. E deve ter a maturidade e a responsabilidade suficientes para ver a realidade tal e qual como ela é. Ou seja, o quotidiano exige uma constante adaptação às alterações de um mundo em constante e complicadas alterações.
A democracia nacional ainda se fundamenta em pressupostos ideológicos, alimentados por uma arrogância moral desmedida e badalada, por uma pobreza secular “orgulhosa” e por laivos fortes de inveja que deformam negativamente os anseios legítimos de um povo integrado num espaço sócio-económico de qualidade superior.
Para desviar o foco das preocupações e do desaire eleitoral, há quem prefira adoptar o amesquinhamento tácito de quem tem sucesso. De quem zela pelos seus. De quem luta denodadamente por ter uma outra vida. Por quem se entrega ao país.
1 - Voltemos, entretanto, à realidade política recente. O “bailinho” da Madeira dado pelo PSD foi categórico. Indiscutível. Clarinho. A derrota dos neo-socialistas foi categórica. Indiscutível. Clarinha. O PSD aumentou o número de votos e, daí, o número de deputados. Os neo-socialistas perderam votos e perderam três deputados. O terceiro lugar na lista pertence-lhes com honra e sadia dignidade. O líder regional abespinhado não pôs a cabeça no cepo, apesar de levar uma grande banhada. Esta é a verdade que aconteceu nas urnas na Madeira. E sem piedade. No desfecho, uma tirada infeliz que faz descer o nível ético do líder nacional. Lá apareceu o elefante na sala: “Só lamento a vitória do PSD”. Palavras agoniadas de avestruz e o fair-play democrático foi-se.
2 - A verdade é dura. E crua. E dói que se farta. Se os neo-socialistas não ganharam num ambiente político de cortar à faca e com o candidato Miguel Albuquerque como arguido, não sei se alguma vez vencerão. Perante este cenário deprimente, de crispação e de sarilhos judiciais excessivamente explorados teriam sido as razões que levaram à derrota do PS? A derrota sofrida não deveria preocupar PNS? Para se debruçar? Para averiguar e Reflectir? Soltar lamentos completamente alucinados, desesperados e desenquadrados da realidade democrática não resolve nada.
3 - Por mais que desvalorizem, a derrota madeirense causou mazelas e apreensão nas fileiras alinhadas do partido do Rato. A verdade é que custou a engolir tamanha contenda e logo nesta altura de eleições legislativas ao virar da esquina. Os neo-socialistas tentam de todos os modos separar as águas: Madeira é Madeira, eleições nacionais são eleições nacionais. Isto não é bem assim. E não vai ser assim. Há ligação directa. E uma forte ligação. No campo da motivação. No campo da dinâmica eleitoral. Na própria psicologia do eleitor. Na estabilidade governativa exigida. Na necessidade de se aspirar a um futuro decente. A vitória do PSD na Madeira poderá - é o mais certo - repetir-se em 18 de Maio.
4 - Está provado que a arruaça não traz benefícios eleitorais. Funciona justamente ao contrário. O histórico assim nos diz e é perfeitamente compreensível que nem tudo vale na política para se conseguir o poder. Na oposição há quem queira ser poder. É legítimo querer. Não de todas as maneiras. Não com ameaças de CPI. Não com suspeitas, nem com insinuações torpes. Muito menos com “inventos” acerca da fragilidade da Segurança Social. Também não com denúncias anónimas. Aceitar denúncias anónimas para pôr em causa a idoneidade e o carácter de uma pessoa é um atentado descarado à coragem e à transparência. À liberdade e à democracia. A cobardia e a má-fé são a capa do anónimo. Ser anónimo é uma singular e cúmplice indignidade.