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O exemplo como eixo humano

No próximo domingo é o dia mundial da atividade física. A OMS destaca níveis preocupantes de inatividade física entre os jovens portugueses, porque 80% (com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos) não realizam pelo menos 60 minutos de atividade física diária moderada a vigorosa. O nosso país precisa de ganhar ao ócio e à inatividade física. O ócio nas crianças e jovens ganha pernas longas quando os pais não fazem atividade e não lhe reconhecem a importância que efetivamente tem. Quando cada progenitor prefere ficar no sofá, não se pode esperar que a criança/jovem ganhe vontade de se levantar e fazer atividade física. Cada faixa etária tem os seus desafios e etapas que devem ser respeitadas. Os primeiros anos de vida são fundamentais para criar as bases, mas é na adolescência quando se criam e enraízam as rotinas. E os pais devem ser principais impulsionares.

Os pais precisam de dar o exemplo. É evidente que, com o passar dos anos, há uma predisposição em perder massa muscular e ganhar, em sua substituição, massa gorda. É o preço de se gastar menos energia e ganhar mais peso. Tudo é fisiológico, mas também comportamental. Mas este exemplo é um eixo fundamental para a educação. O exemplo dos pais é fundamental para a construção da personalidade e educação dos filhos, pois é através dele que as crianças aprendem os valores e normas comportamentais. Se esses exemplos forem positivos, o nível comportamental também ganha contornos positivos.

Não me canso de dizer que fazer atividade física não é igual a fazer desporto. Devemos entender o Desporto, com o ludismo que o envolve, mas também com forte condição emocional, de superação e de compromisso que se exigem, para além das imposições regulamentares. A atividade física é outro contexto. Atividade física é qualquer movimento voluntário produzido pela musculatura que resulte num gasto de energia acima do nível de repouso. É óbvio, que o grau de exigência (de tudo, nomeadamente instalações, condições materiais, estruturas, etc) da prática de atividade física é claramente menor, mas não quer dizer que não deva ser olhada com cientificidade, cuidado, importância e segurança. Quem faz desporto, faz atividade física. Quem faz atividade física pode não estar a fazer desporto. Isto é muito importante entender. Seja na forma, no contexto, no ambiente, na exigência, no estimulo, nos objetivos, tudo é diferente.

Também no apoio aos filhos no desporto é preciso dar o exemplo. Há cada vez mais episódios por esses campos, em que os progenitores têm comportamentos reprováveis e que, quer queiram quer não, passam para as crianças/jovens. Defender as “crias” é uma obrigação de todos, mas se o fizerem de forma errónea correm riscos de não passarem os valores fundamentais para a construção de um ser humano equilibrado e vigoroso.

Carlos Dias

Carlos Dias

4 abril 2025