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Antroponímia dos presidentes americanos (1)

Assuntos mais ponderosos). Já há mais de 1 ano que me propus escrever o trabalho de hoje, sobre curiosidades relativas à origem etimológica dos apelidos de certos políticos norte-americanos. Porém, constantemente surgiram assuntos mais ponderosos, merecedores de serem comentados.

O que é a Antroponímia?). A Antroponímia é a ciência que estuda os nomes, apelidos e alcunhas das pessoas. É irmã da Toponímia, a qual investiga a origem linguístico-etimológica dos nomes de lugares (de cidades, vilas, aldeias, rios, montanhas, ilhas, etc.). Confesso que desde os meus tempos de ensino secundário me interessei imenso por este tipo de assuntos, passando tempo na biblioteca do liceu, lendo os livros antigos da biblioteca dos meus antepassados paternos e comprando dicionários etimológicos e outras obras sobre o assunto. Daí que, quando me iniciei no comentário politico-jornalístico, no verão de 1993, me tenha sido dada (entre 96 e 2001, no Jornal de Notícias) uma crónica quinzenal algo patuscamente intitulada “Nomes e renomes”; na qual eu averiguava o étimo de cada nome próprio, sondava quem teriam sido os 1os a tornar esses nomes famosos (originando que depois muitos outros fossem com ele baptizados); e dando exemplo de outros famosos que os usaram.

Donald Trump). Entretidos com o grave significado político da disputa entre Biden (irregularmente sucedido por Kamala Harris) e Trump, passou a quase toda a gente, despercebida a origem (algo cómica) dos nomes dos dois grandes rivais. Assim, o nosso novo “tio Donald”, Donald John Trump, usa como 1º nome um popular nome escocês, Donald. E lembremos que além de raízes inglesas, Trump é de origem alemã (no caso, de perto de Frankfurt, na Francónia bávara); e descende também de gente com raízes nas longínquas, frias e desérticas Hébridas escocesas. O apelido MacDonald é aliás importante nome de clã (e muito usado, com variantes MacDonnell e Donaldson). Talvez o próprio não saiba, mas etimologicamente “Donald” deriva do étimo gaélico (céltico) que quer dizer em inglês, “world mighty” (i. e., poderoso a nível mundial); pouco tem a haver com o pato simplório dos desenhos animados… Quanto ao seu sobrenome (Trump), imagine-se, quer dizer “trombeta, trompa, trompete”. Refere-se, claro, a algum avô que a tocava nalguma pequena banda folclórica. Porém, até que ponto não terá marcado, desde a infância, este famoso empresário e político, o facto de seu nome soar como “o pato do trompete”, é algo a estudar…

E já agora, Joseph Robinette Biden). Se o sobrenome Trump quer dizer “trompete”, então o apelido do meio de Joe R. Biden (“Robinette”), ainda parecia mais engraçado. Isto porque, em francês, “robinet” quer dizer “torneira”. Assim o “candidato-trompete” concorreu 2 vezes contra o “candidato-torneira”… Mas não é bem assim. O vaidoso e carreirista Biden incluía nos seus antepassados gente de origem católica-irlandesa (penso que Biden será nome de uma aldeia); mas também francesa (Robinette). Só que aqui, o sobrenome não se refere a qualquer “torneira”, mas sim a uma antepassada de nome Roberte (o diminuitivo é “Robin” no masculino e “Robine” ou “Robinette” no fem.).

Kamala Devi Harris). Fruto da bem patente decadência do nosso tempo, surgiram pela 1ª vez na “grande política” norte-americana, os 1os protagonistas de raíz indiana, algo de inédito. Um deles é o trumpista Ramaswami; outro, a gesticulante ex-governadora da Geórgia (Nikki Haley), pequena rival de Trump; outra, a actual esposa do vice-presid. J. D. Vance, o qual confessa que é por ela muito influenciado e da qual tem 3 adorados filhinhos; e por último a “vice” de Biden, a drª Kamala, uma quase “wokista” que lhe tomou de assalto o lugar, dada a acelerada senilidade do senhor. Filha do antilhano dr. Harris (“Harris” quer dizer “filho de Henry”, de um Henrique), a drª Kamala Devi foi registada com estes seus 2 nomes, de marcada origem hindu, por sua mãe, uma nacionalista indiana emigrada.

J. D. Vance). Já tinha havido o secretário Cyrus Vance (MNE do pres. Carter). E Vance (ou Vince) é um diminutivo de Vincent, apelido raro, excepto no SE de Inglaterra.

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

11 fevereiro 2025