Fico sempre muito satisfeito quando deteto em Braga, na minha cidade, verdadeiros líderes, pessoas que constroem, que vão à frente, que inovam, que fazem diferente e fazem bem, que acrescentam à nossa urbe e contribuem para um mundo melhor.
Sejam políticos de valor de qualquer partido, sejam empresários, investigadores, jornalistas, professores, desportistas, líderes associativos, gestores, ou pessoas que conseguiram feitos dignos de registo, independente do setor de atividade a que pertencem.
São aquilo a que por vezes apelido de “ativos de Braga”, pessoas que, de alguma maneira, contribuem, quer direta, quer indiretamente, para o engrandecimento e projeção da nossa terra.
A revelação mais recente é, sem dúvida, Margarida Isaías, a agora ex Presidente da Associação Académica da Universidade do Minho.
Sem entrar em elogios fáceis e de pouca consistência, a Margarida impressionou-me.
Impressionou-me o seu trabalho, o seu caracter, as suas qualidades de liderança, a sua inteligência, a sua simplicidade, a sua determinação, que, confesso, nunca me tinha apercebido que existiam em potência naquela menina, então com 13, 14, 15 anos sempre sorridente e brincalhona com quem eu estava quando – e faço já aqui uma espécie de declaração de interesses – convivia com os seus pais.
A Margarida revelou, ao longo dos seus mandatos como dirigente académica, um caráter de aço e exigente que se percebe mais nitidamente nas suas intervenções públicas, embora sempre com um sorriso no rosto e sempre com a maior tolerância com todos.
Algo engraçado de ver é a relação fraterna, brincalhona e leve que o atual Reitor da Universidade do Minho, o Senhor Professor Doutor Rui Vieira de Castro, construiu com a Margarida, ou ela construiu com ele, mas que não impede que, ao nível de atuação e de intervenção públicas, cada um deles assuma as posições que devem ter, por vezes até duras e sem cerimónias ou meias palavras, sem que a mútua consideração e estima pessoal altere o papel de cada um, tendo até, nalgumas matérias, a interação da Associação Académica com a Reitoria adquirido focos de “luta marcial”, segundo a feliz expressão, no seu contexto, usada pela Margarida no seu último discurso como dirigente da Associação Académica da Universidade do Minho.
O trabalho da Margarida e da sua equipe foi magnífico: a aproximação da academia às pessoas, desde a vertente social, à área das carreiras, ao desporto, à cultura, à parte recreativa, à administração e funcionalmente da própria Associação Académica, ao adiantado trabalho para finalização da sua sede em Braga, à comunicação, designadamente a digital, ao associativismo, à parte financeira, no luta contra o subfinanciamento das instituições de Ensino Superior, à reforma do RJIES, à participação da Associação nas discussões sobre o futuro do Ensino Superior, bem como a participação Académica em marcos importantes da nossa vida coletiva como os 50 anos da Universidade do Minho e do 25 de abril foram marcas fortes da sua gestão. Aliás, recomendo até a leitura do discurso da Margarida aquando da tomada de posse da atual direção da Associação Académica neste último sábado, o último que fez enquanto presidente, onde está bem patente todo o trabalho da equipa dirigida por ela.
Não faltam personalidades públicas que falam muito e bem mas fazem pouco e mal mas, nesta ex Presidente da Associação Académica, percebe-se que o seu falar está ao nível do seu fazer.
Aliás, devido às minhas atuais funções, tive a oportunidade de ouvir a Margarida publicamente: a maneira simples mas sentida, direta e determinada, é uma maravilha ao ouvido. A Margarida dá alma àquilo que diz. A suas súbitas paragens, o seu baixar e elevar o tom de voz, o seu tom carregado ou mais divertido, a maneira como acelera ou diminui a velocidade de certa frases, a sua entoação que vai variando consoante a importância que dá aos assuntos que aborda, a harmonia das suas estruturadas e consistentes intervenções, torna até um pouco penoso quando nos apercebemos que está quase a finalizar.
Fácil é perceber que a Margarida tem alma pública, tem sentido e vocação de serviço público.
Veremos se no futuro a sua exigente profissão como médica – na qual desejo muito sucesso – lhe dará espaço para ombrear com tarefas e serviço à sua cidade e ao seu país, talhadas para a sua personalidade.
No entanto, há algo que a Margarida já atingiu, e que raramente se consegue com a sua idade: além de um grande ativo para a academia é também um valioso ativo da nossa Braga.
Isso, já ninguém lhe tira !