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Metamorfose

Estou de regresso com este espaço de opinião, depois de um interregno já habitual que dá algum descanso a esta interação entre quem escreve e quem lê. É um gosto voltar a escrever aqui e partilhar a minha opinião com os leitores.

O último artigo que aqui escrevi era referente à pré-época e o fim do estágio em terras francesas. Daí até ao presente muita coisa aconteceu em Braga, que não importa muito ser detalhada agora. Daniel Sousa tinha planeado uma época pela primeira vez na qualidade de líder de uma equipa técnica no primeiro escalão do futebol português e havia expectativas positivas nos braguistas, suportadas pelos bons trabalhos realizados em Barcelos e em Arouca, ambos com entrada a meio do percurso. Em Braga a realidade é outra e a exigência também, uma vez que as condições de excelência proporcionadas aos funcionários, onde incluo jogadores e treinadores, requerem coisas positivas em troca. É ponto assente que a ambição e vontade de vencer, sempre presentes no presidente bracarenses, têm se ser constantes e os adeptos já não se contentam com qualquer coisa que lhes seja oferecido.

Ora, os sinais dados antes do começo oficial das competições eram pouco animadores e desconfiança estava bem patente nos rostos apreensivos da Legião, que rapidamente passaram para um patamar de desconfiança quando as competições começaram. A primeira eliminatória que envolveu o SC Braga, frente a um frágil conjunto israelita, foi passada com facilidade e da Suíça vinha em seguida um adversário certamente mais duro, mas longe de ser o colosso que chegou a parecer na primeira mão disputada na Pedreira, que deixou nas mentes braguistas um caminho conducente ao precipício. Era pouco tempo ainda, mas não havia sinais animadores em Braga e estes pioraram com o empate caseiro frente ao Estrela da Amadora no início da liga portuguesa.

A situação exigia atenção e alteração do rumo dos acontecimentos. Porém, ninguém imaginaria que ao fim da jornada inaugural e a meio de uma eliminatória europeia determinante na época António Salvador mudasse de treinador, deixando cair Daniel Sousa, que não esteve à altura do desafio que enfrentou, fazendo regressar Carlos Carvalhal, a uma casa que bem conhece e que ele vê como sua. O jogo frente ao Servette, na Suíça, correu bem e a decisão de introduzir tamanha metamorfose num contexto muito complicado parecia validada. O triunfo suado no Bessa e o sucesso no playoff de acesso à Liga Europa, frente ao Rapid de Viena, consolidaram a ideia de que a mudança fora mesmo positiva e profícua.

Embalada pelo sucesso recente a Legião mobilizou-se para Barcelos e saiu de lá com a sensação de que aquele empate sem golos frente ao Gil Vicente nunca pode ser visto como positivo. Ao SC Braga exige-se sempre mais. Em Braga é preciso responder às condições proporcionadas e nunca pode haver medo de tentar vencer, seja onde for. Agora surge uma paragem que permitirá integrar os novos elementos e que Carlos Carvalhal trabalhe a equipa com algum sossego, para que ela regresse em força na liga portuguesa em meados de setembro. O caminho é longo e difícil, a pedir Gverreiros de verdade.


 


 

António Costa

António Costa

5 setembro 2024