twitter

Ponto por ponto

 

 

 

 


O sector da esquerda nacional tem uma necessidade imperativa de se agarrar ao 25 de Abril (25A) como este fosse o maior acontecimento da História do país. Até se arma em seu proprietário. O 25A é uma data interessante sob o ponto de vista político e deve merecer reconhecimento pelo que representa: o fim do Estado Novo. E noutra linha de reflexão, o início da bandalheira do PREC. A bandalheira só desapareceu a partir de 25 de Novembro. 

Não se pode esquecer a pegada de fanatismo ideológico dos comunistas em todas as acções que desencadearam logo de seguida. O fanatismo e a estupidez mostraram-se com o cerco à Assembleia Constituinte. A guerra civil esteve por um fio. Houve acontecimentos completamente fanáticos que originaram uma confusão incrível num país sem rei nem roque. 

Há quem queira relevar o 25A a patamares de glórias únicas, conseguidas à custa de muito suor, lágrimas e sangue, o que não é bem verdade. Tem muito de fantasia. Convinha mesmo que a verdade saísse finalmente à rua e sem publicidade enganosa. Outras datas, entretanto, têm muito mais significado para o país e passam praticamente ao lado da agenda das comemorações.

 


1 - O dia da Fundação de Portugal. Quantos portugueses sabem que em 05 de Outubro de 1143 foi assinado o tratado de Zamora por D. Afonso Henriques, futuro rei, e pelo seu primo Afonso VII de Leão, o “dono legítimo” do Condado Portucalense? Com certeza muito poucos. Não será para um país a sua Fundação o dia mais importante e histórico? Quantos portugueses sabem que foi com muitas guerras e muitos sacrifícios que Portugal conseguiu libertar-se de Castela, na crise dinástica de 1383-1385 (Interregno), e só em 1411, é que, o tratado de Ayllón-Segóvia reconheceu a segunda independência de Portugal? Muito poucos, com certeza. Quantos portugueses sabem que a terceira independência de Portugal se deu em 1640 (Restauração), depois de muitas guerras e de muito sangue vertido nos campos de batalha? Essa vitória da libertação só foi reconhecida 18 anos depois, em 1668, com o tratado de Paris. 

Estas datas, entre outras, são mesmo importantíssimas para o país. Factos que exigiram perdas de muitas vidas, provas de grande coragem por parte dos exércitos português e inglês, sempre em minoria, e ânsias de liberdade perante o jugo mais forte dos espanhóis! 

 


2 - É sabido que existe uma “estratégia” de desfigurar, de denegrir e até de apagar os feitos históricos quinhentistas. A ofensiva de desvirtuar o passado, materializou-se agora na pessoa do Presidente da República, num dia infeliz, e num discurso inapropriado, irresponsável e extemporâneo na Assembleia da República no 25A que levantou o terror da colonização, os fantasmas da escravatura e das absurdas indemnizações numa tentativa frustrada de achincalhar um tempo histórico que foi a luz de um novo modelo de abertura a um mundo desconhecido.

 


3 - Indemnizações (compensações) internas - O Presidente Marcelo, no seu frenesim vocal e bipolar, pouco prudente e demasiado louco, deveria repensar melhor nas indemnizações a dar às populações do Minho, do Interior, do Alentejo e do Algarve que, durante séculos, têm sido ostracizadas e prejudicadas pelo poder hegemónico e chupista de Lisboa que tudo come e pouco deixa para os “rurais”. Não é aceitável que o grosso dos investimentos e os melhores empregos do país continuem a ficar para os “urbanos da capital” e que os outros, os saloios, se contentem com umas migalhas para a democracia ver. Haja Justiça, sr. Presidente Marcelo !

 


4 - Portugal tem que pedir indemnizações a Roma, aos Visigodos, aos Muçulmanos, aos espanhóis, a Napoleão Bonaparte, aos comunistas cá do sítio por causa das nacionalizações e da bandalheira que criaram. Também a outros povos que ocuparam pela força das armas e colonizaram o território nacional contra vontade dos autóctones, causando danos de monta às populações residentes daquele tempo. Peça Justiça, sr. Presidente Marcelo!

 


Duas notas finais: 1- Sr. Presidente da República: fale, defenda, preocupe-se com as indemnizações aos Retornados que vieram sem nada e que muito lá construíram; 2 - fale, defenda, preocupe-se com os ex-combatentes que deixaram nas ex-colónias o seu sangue, o seu suor e as suas lágrimas. E muita coragem! Deixe-se de tretas! “Por qué no te callas”!

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

5 maio 2024