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“LIÇÃO” DE UMA MÃE

 

 

 

Certa vez, três irmãos, depois de alguns anos afastados uns dos outros, a fim de procurarem melhores condições de vida, tinham conseguido alguma fortuna. Até que, um dia, combinaram encontrar-se para tentarem saber com o que cada um presenteou a mãe. Uma senhora, já, idosa que nunca saíra da sua terra natal. E, segundo o poder financeiro de cada um deles, lá foram dizendo: 

– “Eu dei à nossa mãe uma bela mansão para ela viver” – disse o primeiro. Já o segundo afirmou: – “E eu entreguei-lhe um carro, topo de gama, de uma boa marca”. O terceiro, tentando agradar à mãe, disse: – “Eu, como sei que a mãe vê mal, mandei-lhe um papagaio que sabe a Bíblia de cor… foram anos de treino do pássaro num convento… bastando que ela lhe diga o capítulo e o versículo que logo ouve o que quer escutar”.

 Passado algum tempo, cada um deles recebeu uma carta da progenitora a agradecer os seus presentes: – “José, a casa que me compraste é enorme. Eu moro apenas num dos quartos e canso-me muito a limpá-la”. – “Francisco, a luxuosa viatura que me deste de nada me vale, porque não viajo. Sabes, estou velhota e tendo a ficar em casa o dia todo… além disso, o motorista é muito malcriado”. – “António, foste o único que sabe do que a vossa mãe gosta. Aquela ‘galinha’ que me mandaste estava deliciosa, soube-me pela vida. Muito obrigada”.

A razão de transcrever esta simples estória reside no facto de tentar explicar a razão pela qual os bens materiais vão perdendo valor consoante a idade das pessoas avança, como sucedeu com aquela mãe idosa. Para ela seria mais valioso ter a miúde a presença dos filhos, a sua atenção, o carinho e o seu amor. Com a vantagem de se verem livres de um remorso para o resto da vida por se terem afastado do dever moral de acompanharem e ampararem a mãe na fase mais difícil da sua existência. 

Pois bem, celebra-se no próximo domingo, dia 5 de maio, o Dia da Mãe. Altura propícia às prendas mais diversas e de valor consoante a carteira de cada pessoa. Porém, a presença dos filhos e filhas com um simples gesto de carinho, palavra e sorriso seriam suficientes para confortar a mãe. Uma visita do filho ou da filha à casa ou lar onde ela vive, será a melhor prenda que alguma vez lhe poderão dar. E se esse contacto tiver apensa uma saída, com um passeio pelas redondezas e uma merenda, envolta numa simples conversa, tanto melhor. 

A mãe é o porto de abrigo; bálsamo para as amarguras e a melhor conselheira que os filhos algum dia possam vir a ter; é proteção; colo e amamentação; fonte de afagos, sacrifícios, lutas e preocupações constantes; senhora das dores e das angústias com lágrimas vertidas em silêncio, tal como Maria ao ver Jesus a caminho do Calvário. É ter presente os perigos que rodeiam a sua prole e circular a cem à hora para chegar a tempo a todo o lado; é carregar sacos do supermercado, ou das lojas, para o lar. 

Quantas vezes a mãe, depois de um extenuante dia de trabalho, corre para casa de coração apertado, ansiosa por saber sobre como tudo correu durante o dia e se estão todos bem. E caso pressinta algo estranho em um deles, logo se apressa a saber o que sente. Tira-lhe a febre e, se tiver, logo ataca com um antipirético. A seguir ao jantar, prepara as lancheiras para levarem no dia seguinte. Faz uma lista do que falta em casa. Prepara as roupinhas lavadas e mete as da muda na máquina de lavar.

Ademais, ao final da noite, rega as plantas, despeja o lixo, prega um botão que caiu do vestuário de um dos rebentos. Prepara as roupas e passa os olhos pelos seus ‘TPC’. Espreguiça-se, boceja e, ainda, escreve uma nota para o professor. Por último, verifica se as portas estão fechadas. Põe água e comida ao gato. Espreita os filhos a ver se, já, dormem e apaga a luz. Na cama faz as suas orações. 

Manhã cedo, acorda a prole e ganha ânimo para enfrentar um novo dia. Ah, Grandes heroínas! Por isso e muito mais, não cabe aqui descrever o quanto admiro todas as mães ‘coragem’ deste mundo. Bem hajam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

29 abril 2024