twitter

10 de março: eleições portuguesas para todo o cidadão

Como observava um amigo meu: “A brincar, a brincar, estão às portas as eleições”. Efectivamente, já faltam menos de dois meses para que o nosso país vá a votos e se forme um novo governo para dirigir Portugal.

 


 As sondagens são sempre prenúncios úteis do que se pode esperar, mas a verdade é que só os votos contados na data marcada nos podem dar uma ideia mais nítida de quem vai governar e se o pode fazer com os requisitos necessários para atingir o que todo o português deseja: paz interna, justiça para todos e crescimento económico e social.

 Uma nota desagradável – e ao mesmo tempo elucidativa – diz respeito a todos os casos de suspeita que tem havido sobre a forma como alguns dos os nossos políticos parece que não vivem uma nítida caminhada ordenada pelos princípios éticos de honestidade que devem presidir a toda a vida de quem tem responsabilidades na direcção e orientação da nossa terra.

 Uma sensação de dúvidas sempre levanta a morosidade dos processos mais chamativos e escandalosos, que são aproveitados pela comunicação social para levantar suposições de incerteza e de expectativa obscura entre o cidadão comum.

 É evidente que a justiça, para ser séria e acertada, necessita de reunir todos os elementos necessários para conseguir exercer o seu poder com verdadeiro rigor e objectividade. Não pode ser brusca nem superficial. E tudo isso leva tempo. Mas, por vezes, quando se trata de um personagem mais importante, digamos assim, perece que se levantam constantes dúvidas sobre o modo como a mesma justiça tem capacidade para realizar o seu trabalho.

 Com estas observações, de maneira alguma se pretende diminuir todos os caminhos e atalhos que os responsáveis pela investigação têm de calcorrear e percorrer para decidir com o rigor necessário e indispensável, seguindo sempre a via da honestidade e da competência no seu labor de recolher os meios indispensáveis para julgar com a objectividade requerida e não se cometer qualquer espécie de injustiça. Contudo, por vezes, os defensores de quem é objecto de investigação, são capazes e peritos em levantar desnecessárias dificuldades para se chegar a bom termo. E exigem ou levantam tantos senões e obstáculos, que um processo que devia demorar um tempo determinado, acaba por se tornar um labirinto de questiúnculas complexas, que não andam nem desandam. E corre-se o risco, com tanta demora ou travão nas investigações, de o mesmo processo se tornar inexequível por não chegar a resolver-se no tempo que a justiça determina para que ele seja viável.

 Voltando às eleições de Março, e independentemente do que as sondagens nos indicam, o que todos aspiramos é que possa formar-se um poder justo e realizador de todas as medidas que a nossa sociedade necessita para se viver com honestidade, justiça e confiança. Mas será que a próxima ida às urnas tornará o nosso país capaz de seguir esta rota? 

 Francamente, não sabemos. Decerto que um acto eleitoral tão vasto é sempre necessário para se sair de uma situação política incapaz de se impor e manter, depois de os escândalos levantados sobre a conduta ética de vários protagonistas do nosso poder político nos últimos tempos. Lamentamos, decerto, que a justiça tenha de recorrer a meios tão drásticos e chamativos para resolver as questões éticas que se levantaram aos detentores do poder político, que o eleitorado português escolheu nas ultimas eleições realizadas.

 Outra questão se levanta. O que os votos decidirem serão capazes de solucionar todos os problemas do nosso país? Parece que, pelas sondagens até agora apresentadas, as possibilidades de se encontrar uma solução de estabilidade não será muito fácil. No entanto, perante tudo o que aconteceu, que outra solução poderia tomar quem detém o poder e tem de decidir o modo de resolver uma situação? 

 Decerto que a incerteza e a provisoriedade da situação actual de Portugal, requer dos eleitores uma presença real e não comodista. O país precisa do voto de todo o que o pode e deve fazer. Não permite desinteresse nem cepticismo. Ir às urnas é um dever de cidadania e tem de afastar de nós a indiferença de ficar em casa ou de nos dedicarmos a outras tarefas inibitórias do nosso voto no dia eleitoral. Foi com tristeza e amargura que alguém comentou: “Fulano e cicrano combinaram uma excursão a Espanha no dia 10 de Março. E já sabem onde encontrar “tortillas” imperdíveis...”

Pe. Rui Rosas da Silva

Pe. Rui Rosas da Silva

30 janeiro 2024