O Arcebispo Primaz tece duras críticas a uma «certa acomodação social e laical», que «não denuncia, por exemplo, a fome que muitas pessoas ainda passam no Minho».
No arranque do ano pastoral e no mês dedicado por excelência às missões, D. Jorge Ortiga lembra que «a economia mata e temos de denunciar».
O prelado refere que «no mundo do trabalho há tantas situações desumanas que é preciso conhecer».
«Pensamos que a crise está ultrapassada, mas, não está tudo resolvido. Ainda há gente com fome no nosso Minho e que não tem uma habitação digna, nem água na sua casa. Há pessoas no distrito de Braga que não têm sequer capacidade financeira para comprar óculos para poder ver ou para pagar medicamentos. Por isso, temos de intervir», diz indignado.
«Desporto incomoda»
«Outra questão que incomoda é o desporto. [O desporto] saiu dos estádios e dos ginásios, e passou para a comunicação social pelas piores razões. Quem manda no desporto, hoje, são os comentadores e tudo é condicionado por isso, o que é terrível. É necessário que o desporto possa desenvolver-se sem este "ruído"», sustenta o Arcebispo de Braga, que, em junho, publicou a carta pastoal "Desporto: Escola e Missão de Humanidade" precisamente para defender o lema «o desporto para todos e todos pelo desporto».
No início deste ano pastoral, «a Igreja de Braga não pode alhear-se destes assuntos. A hierarquia, mas, principalmente os leigos, contam com peritos em diversas áreas e que têm a obrigação de intervir. Como cristãos, devem dar o seu contributo para uma sociedade mais justa».
Sugestõese necessidades
«Peço que na abertura do ano pastoral em todas as paróquias seja previsto este objetivo de tecermos comunidades acolhedoras e missionárias. Para isso, a grande aposta é nos grupos Semeadores de Esperança. É bom que as paróquias e todos os interessados promovam estes grupos. Por exemplo, cada um pode, com os seus amigos, constituir esses grupos Semeadores de Esperança. Podem ser programados encontros mensais que congreguem estes semeadores. Existem subsídios no site da Arquidiocese de Braga, que ajudam a refletir e a rezar as situações», explica.
«O suplemento "Igreja Viva", publicado à quinta-feira no Diário do Minho, fornece subsídios litúrgicos para adaptarmos nas nossas paróquias. Cada paróquia tem a sua dinâmica e esses subsídios facilitam o trabalho das comunidades para tornarem as eucaristias mais vivas, festivas e interpelativas», conclui.
Autor: Alexandre Gonzaga
«Crise não foi ultrapassada e há gente no Minho com fome»

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Publicado em 15 de outubro de 2018, às 21:21