O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, destacou esta quarta-feira a «coerência do serviço eclesial» de Bento XVI. O Papa Emérito morreu no sábado, dia 31 de janeiro.
Em declarações à Lusa em Roma, onde se encontra para participar no funeral do Papa Emérito, que se realiza na quinta-feira, José Ornelas realçou que essa coerência se vê no pedido de renúncia, quando disse «não sou eu que estou em causa, o que está em causa é a Igreja, eu já não estou nas condições melhores para servir a Igreja». «Mesmo estes anos que ele passou rezando pela Igreja (…) foi um exemplo», adiantou, notando que esta nova realidade, de um papa emérito, quer da parte de Bento XVI, quer do Papa Francisco, «faz justiça à honestidade dos dois» e da qual «a Igreja só beneficia».
Reconhecendo que embora este momento não seja dos mais alegres para a Igreja, o presidente da CEP salientou que é de «suma importância», pois significa «comunhão aqui com aquilo que ele foi durante a vida» e «acompanhá-lo como Igreja». «Isso é importante para qualquer pessoa que parte deste mundo e a Igreja costuma acompanhá-las na sua última viagem, muito mais um papa e aquilo que significa para a Igreja», continuou.
O também bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou que acompanhou desde a juventude o percurso daquele que viria a ser o Papa Bento XVI, assumindo que os «seus escritos sobre fé, razão, sobre a forma racional e lógica de entender e procurar entender as coisas da fé e da Igreja» o entusiasmaram.Referindo que nem sempre concordou com as decisões de Joseph Ratzinger quando exerceu cargos no Vaticano antes de se tornar Papa Bento XVI, José Ornelas observou que como chefe de Estado do Vaticano «foi diferente». «Ele abriu-se a uma perspetiva pastoral muito interessante, de multiculturalidade, aliás na linha de que ele sempre foi, um homem da razão, um homem da lógica», assinalou.
O presidente da CEP acrescentou que sempre considerou Bento XVI «um homem que prestou, num período curto, um grande serviço à Igreja na transição entre o grande Papa João Paulo II e o novo estilo de Francisco», realçando que «abriu, realmente, também com a sua resignação, portas novas ao ministério do Papa».
O Papa Emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de completar oito anos no cargo.
Joseph Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram temas que agitaram o seu pontificado.
Autor: Redação/Lusa