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Arcebispo de Braga desafiou cristãos a deixarem-se moldar pelo fogo do Amor de Deus

Arcebispo de Braga desafiou cristãos  a deixarem-se moldar  pelo fogo do Amor de Deus
Fotografia DR

Francisco de Assis

Jornalista

Publicado em 17 de dezembro de 2025, às 18:40

Desafio deixado na Póvoa de Lanhoso, na cerimónia da partilha da Luz da Paz de Belém

O Arcebispo Metropolita de Braga presidiu à cerimónia da celebração da entrega da Luz da Paz de Belém, na Póvoa de Lanhoso, sob o lema “Arder para iluminar”. Aproveitando o facto de estar na “terra do ouro” e socorrendo-se do lema, inspirado nas palavras de S. Frei Bartolomeu dos Mártires, D. José Cordeiro, desafiou os escuteiros presentes e os fiéis em geral à deixarem-se moldar pelo fogo do amor, para que sejam capazes de iluminar a vida daqueles que se cruzam no caminho de cada um.
Na homilia, o Arcebispo de Braga falou da parábola de um homem que encontra um tesouro num campo. «Pelo contrário, há um homem que é encontrado por um tesouro e, ao ser encontrado pelo tesouro, vende tudo o que possuía para comprar aquele campo. Na verdade, o que transforma aquele homem não é o tesouro em si, mas a decisão que toma, atraído por aquele tesouro, que lhe  exige uma transformação do conhecido passado para o novo e inesperado futuro».
E acrescentou: «De facto, para nos deixarmos encontrar pelo tesouro, é necessário deixarmo-nos deslumbrar e fascinar, porque aquilo pelo qual nos encantamos, mobiliza a nossa imaginação e marcará, decididamente, a nossa vida. Quando nos fechamos às surpresas da vida, ou quando deixamos de esperar algo precioso, torna-se impossível sermos encontrados por tesouros. Hoje, sabemos que, mesmo sendo este pálido ponto azul, como fio de ouro no cascalho da nossa vida, somos buscados, desejados e amados por Cristo, que é o nosso tesouro, a Luz que alumia os nossos passos, tantas vezes mal andados».

E a propósito do lema “Arder para iluminar”, o Arcebispo lembrou que a cerimónia decorria na Póvoa de Lanhoso, conhecida como a terra do ouro, onde abundam os corações de filigrana, num belo e raro sinal de uma longínqua arte. 
«É, por isso, feliz o lema escolhido – Arder para iluminar – para Celebração da Partilha da Luz da Paz de Belém. Tal como o ouro, que está misturado com pedras e impurezas e só purificado pelo fogo se tornará valioso, também nós, somente moldados pelo fogo do Amor de Deus, que nos transforma e revela o que há em nós de mais precioso, seremos capazes de iluminar a vida daqueles que se cruzam no nosso caminho», desafiou.
D. José recordou uma apreciada técnica artesanal, surgida há cinco séculos, no Japão para reparar cerâmica quebrada. Uma técnica em que, ao invés de disfarçar as linhas de fissura, as peças exibem os golpes do seu passado. 
E fez a transposição da técnica para a vida dos cristãos. 
«O nosso ouro em pó, que pode reparar tantas vidas quebradas e torná-las únicas e valiosas, é oportunidade de sermos Luz de Cristo nos lugares que habitamos. Portanto, sem nos perdermos nas recordações de outrora, nem asfixiar na aflição do que virá, saibamos, aqui e agora, ser luz com gestos e palavras, atentos ao presente, mas abertos ao que ainda pode ser. Este é o nosso ouro em pó».
Na cerimónia estiveram vários núcleos de escuteiros da Região de Braga, unidos pela mesma causa.
O presidente da Câmara da Póvoa de Lanhoso, Frederico Castro.