O grupo “No Primeiro Dia”, da Arquidiocese de Braga, que irá dar início, em finais de novembro, a um novo percurso de acompanhamento de pessoas enlutadas pelo falecimento de ente queridos, pretende ir mais além este ano na vivência espiritual, propondo um retiro no final de dez encontros quinzenais.
Suzana Gonçalves, uma das dinamizadoras do grupo, realça que a dimensão espiritual é uma componente fundamental e muito importante neste processo de apoio a quem atravessa períodos de sofrimento associados à morte.
«O ser humano precisa do lado espiritual, precisa de Deus. A espiritualidade tem um papel central neste caminho de redescoberta de um novo modo de estar na vida e no mundo», sustenta.
Por essa razão, cada encontro começa sempre com um momento de oração. Caso estejam presentes pessoas não crentes, é-lhes proposto que vivam este momento de oração como um momento de introspecção ou relaxamento, respeitando ambiente de recolhimento.
«As propostas de reflexão não são necessariamente dirigidas apenas à parte espiritual, mas também tocam essa dimensão do ser», acrescenta Suzana Gonçalves.
A ideia do retiro espiritual surgiu de forma natural, a partir da experiência dos grupos do ano passado. Os participantes foram convidados a viver juntos as celebrações do Tríduo Pascal e, no final do percurso, sugeriram a realização de momentos de retiro e aprofundamento espiritual.
Este ano, essa proposta será concretizada com uma manhã de retiro dedicada ao tema da esperança associada ao luto, com a participação de pessoas dos grupos do ano passado que já conhecem esta dinâmica.
«De ano para ano vamos ajustando o percurso, integrando novas propostas, mas a essência mantém-se: oferecer um caminho de escuta, partilha e compreensão que ajude quem está em luto associado á morte a redescobrir um novo modo de estar na vida e no mundo», sublinha Suzana Gonçalves.
O projeto do grupo “No Primeiro Dia” está desenhado para que, ao longo dos dez encontros, as pessoas enlutadas desenvolvam algumas ferramentas práticas e espirituais que lhes permitam viver melhor o seu luto no quotidiano, transformando a dor em esperança.
O grupo propõe aos participantes um percurso com dez encontros quinzenais, até março de 2026, nos quais será promovido um caminho de escuta, partilha e compreensão mútua.
É coordenado pelos padres Francisco Ferreira e Pedro Cameira, ambos jesuitas, e por duas leigas: Rita Fernandes, psicóloga, e Suzana Gonçalves, professora de Matemática na Universidade do Minho.
Os encontros decorrerão na Casa Sacerdotal, em Braga, e são abertos a todos interessados, independentemente da sua fé ou convicção religiosa. O interessados podem contatar a equipa coordenadora através número 962 325 378 ou do endereço eletrónico grupo.noprimeirodia@gmail.com.
Como surgiu o Grupo “No Primeiro Dia”
O Grupo “No Primeiro Dia” surgiu por sugestão de Suzana Mendes Gonçalves, docente universitária, que perdeu o marido há nove anos. Ao longo do seu processo de luto, foi sentindo os efeitos positivos do apoio comunitário à sua família e sentiu necessidade de criar espaços de ajuda para outras pessoas enlutadas.
«O facto de vivermos um luto em comunidade tornou o processo um bocadinho mais simples», afirma.
Após várias conversas com sacerdotes amigos, há cerca de três anos a docente foi convidada a dinamizar um grupo semelhante ao “Mais Além”, que tinha sido criado no Porto, para acompanhar pessoas em luto, mas não necessariamente pais. Aceitou o desafio, mas primeiro decidiu fazer ela própria o percurso.
O projeto funciona integrado na Pastoral Arquidiocesana da Saúde e conta com o apoio do Arcebispo Metropolitano de Braga, D. José Cordeiro, que se mostrou entusiasmado desde o início.