O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, incentivou hoje os empresários e gestores cristãos a colocarem a Palavra de Cristo no mundo do trabalho, afirmando que a fé deve orientar a gestão das empresas e das pessoas, em nome da dignidade humana e da justiça social.
«Se Deus não está na gestão das empresas, na gestão da vida, na gestão da casa, da família, então a economia mata, o mercado mata», alertou o prelado na missa de bênção dos líderes e gestores da ACEGE - Associação Cristã de Empresas e Gestores, na Capela da Imaculada, em Braga, no dia da festa da Senhora do Rosário.
Na homilia, D. José Cordeiro destacou a importância de os gestores cristãos viverem os direitos e deveres do Baptismo também no mundo do trabalho.
«Os empresários e gestores cristãos são pessoas corresponsáveis na construção do bem comum, da dignidade da pessoa humana e na construção da paz», afirmou.
O Arcebispo lamentou a persistência de injustiças laborais em Portugal, referindo-se a dados recentes sobre o despedimento de mulheres grávidas ou em licença de maternidade.
«No início da semana soubemos que, em 2024, mais de duas mil mulheres nesta situação foram despedidas. É arrepiante», afirmou, apelando à consciência social e ética dos líderes empresariais.
Sublinhando os princípios da Doutrina Social da Igreja, D. José defendeu que a caridade e a justiça devem estar no centro das decisões empresariais.
«Não podemos perder as nossas raízes, aquilo que são os valores da Doutrina Social da Igreja, mas que possam ser vividos, testemunhados com credibilidade nas empresas», referiu, considerando a ACEGE um apoio importante para os empresários que querem viver a sua fé no exercício das suas funções, «e não apenas pelas leis do mercado».
A Eucaristia contou com a participação dos Bispos auxiliares de Braga, D. Delfim Gomes e D. Nélio Pita, e com a presença de Patricia Liz, presidente nacional da ACEGE, e Fátima Amorim, responsável pelo núcleo do Minho, além de dezenas de empresários e gestores cristãos da região.
Na celebração, que marcou o início do ano pastoral do Núcleo da ACEGE Minho, D. José Cordeiro associou-se ainda aos apelos do Papa Leão XIV, ao recordar os dois anos do ataque terrorista que deu origem à guerra em Gaza, colocando a intenção da Eucaristia na paz e na reconciliação entre os povos.
À margem da celebração, Fátima Amorim reafirmou que os principais compromissos da ACEGE passam por «continuar a missão de evangelizar no mundo do trabalho, usar o amor como critério de gestão, dignificar o trabalho e desenvolver tarefas em prol do bem comum e do interesse público à luz dos princípios da Doutrina Social da Igreja».