O Conselho Central de Braga da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) tem recebido nos últimos tempos «muitos pedidos» de ajuda por parte de imigrantes com carências a nível de habitabilidade, revela Teresa Carvalho, presidente do organismo.
Num vídeo divulgado pelo Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Braga (DACS), a responsável precisa que no rol de pedidos destacam-se bens como eletrodomésticos e mobília.
Esta realidade vem reforçar o papel das Conferências Vicentinas, cuja missão é ir ao encontro das pessoas em situação de fragilidade, e atender, sempre que possível, as suas necessidades concretas.
«Existem situações em que nós não conseguimos resolver, mas conseguimos encaminhar para quem possa resolver», afirma Teresa Carvalho.
Atualmente, o Conselho Central de Braga é composto por 9 Conselhos de Zona e 76 Conferências Vicentinas espalhadas pelos diferentes arciprestados da arquidiocese. Estas conferências são formadas essencialmente por grupos de leigos, na maioria cristãos praticantes, que procuram pôr em prática a fé através da caridade e do serviço aos mais pobres.
O aumento dos pedidos de apoio por parte de imigrantes tem representado uma das principais preocupações da instituição. Para dar resposta, as Conferências Vicentinas lançam apelos nas comunidade locais, pedindo ajuda direta - por exemplo, a doação de móveis, camas, fogões ou frigoríficos - e, quase sempre, surge alguém disposto a ajudar.
Além disso, mensalmente, as Conferências entregam cabazes alimentares a famílias carenciadas, numa missão desenvolvida em parceria com o Banco Alimentar e a Cáritas Arquidiocesana.
Outra ajuda importante que tem sido assegurada pelos Vicentinos, indicou a presidente do Conselho Central de Braga, é o empréstimo de material ortopédico, como camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos, entre outros, bem como a distribuição de fraldas para acamados e o apoio a jovens estudantes com livros escolares.
Nas visitas domiciliárias - uma das marcas distintivas da ação vicentina - os voluntários levam, além de bens materiais, palavras de «conforto» aos doentes e aos que vivem sozinhos, e tempo para escutá-las.
«Elas ficam melhores, com mais saúde, quando nós saímos lá, e nós também nos sentimos muito melhores quando regressamos», observa Teresa Carvalho.
Nesta conversa, conduzida por Renata Rodrigues, a presidente do Conselho Central de Braga da SSVP destaca ainda o empenho que tem sido colocado no objetivo de renovação e expansão das Conferências Vicentinas.
«O nosso objetivo é renovar os elementos vicentinos que estão nas Conferências e, além disso, criar novas Conferências», afirma.
Nos últimos tempos, surgiram duas novas Conferências Vicentinas: uma em Sezures (Vila Nova de Famalicão), em 2024, e outra em Viatodos (Barcelos), no passado mês de janeiro.
O Conselho Central de Braga está apostado em envolver mais pessoas na SSVP, sobretudo jovens, embora isso continue a ser um desafio, uma vez que o trabalho vicentino, nota a dirigente, exige presença no terreno e compromisso com as realidades mais duras.
D. Nélio encoraja vicentinos
a serem fiéis ao seu carisma
O Bispo auxiliar de Braga D. Nélio Pita incentiva os membros da Sociedade de S. Vicente de Paulo a prosseguirem a sua missão com fidelidade ao seu carisma de proximidade aos pobres e alívio do sofrimento humano.
Vicentino de longa data, antigo provincial da Congregação da Missão em Portugal e ex-assistente geral em Roma, D. Nélio sublinha, lembrando o Papa Francisco, que a dignidade humana passa garantir terra, trabalho e teto.
O prelado pede atenção especial para com aqueles que vivem em situação de fragilidade: pobres, desempregados, trabalhadores precários, sem habitação condigna ou migrantes que são tratados como cidadãos de segunda.
«Nós, os Vicentinos, seja em Portugal, seja noutros lugares, devemos estar ao lado destas pessoas. Se não o fizermos, não somos verdadeiramente vicentinos», afirmou, em declarações ao Departamento Arquidiocesano da Comunicação Social, salientando que estas três áreas devem ser centrais no plano de ação do Vicentino para aliviar o sofrimento do próximo.