A Sé Primacial de Braga esteve hoje repleta de fiéis naquela que foi a peregrinação jubilar do Arciprestado da Póvoa de Lanhoso. Presidiu à celebração, no contexto no Ano Santo que decorre sob o lema “Peregrinos de Esperança”, o bispo auxiliar D. Nélio Pita.
Na primeira vez que participou numa peregrinação jubilar na igreja mãe da Arquidiocese, onde há pouco mais de dois meses foi ordenado bispo, D. Nélio Pita expressou a sua proximidade com os fiéis das 31 paróquias do Arciprestado da Póvoa de Lanhoso, manifestando a sua alegria por ver a Catedral cheia de peregrinos.
«É bom sentirmos que fazemos parte do mesmo povo, caminhamos motivados pela mesma fé e parte do nosso peito a mesma esperança», afirmou.
O prelado aludiu para o contexto internacional, marcado por guerras e conflitos, para referiu que a esperança não está nos homens, mas sim em Deus.
«Posso até admirar um político pela sua estratégia política, mas eu não tenho esperança neles, eles não são os meus salvadores. Um político, um jogador, um artista, um homem ou uma mulher da cultura não os nossos salvadores, são apenas pessoas que nos podem ajudar a crescer. A nossa esperança não assenta nesses homens e mulheres, assenta em Deus feito homem, Jesus Cristo. É Nele que eu ponho a minha esperança», frisou.
Serviço aos outros
Na homilia, o prelado exortou os peregrinos a darem atenção aos pobres, pondo em prática no quotidiano as Obras de Misericórdia.
«Se praticarmos as 14 Obras de Misericórdias (sete corporais e sete espirituais), estamos a devolver a esperança aos nossos Irmãos», afirmou o prelado, lembrando que «uma fé sem obras, é uma fé morta».
D. Nélio Pita falou também da centralidade da Eucaristia, associando-a à mensagem do Evangelho, assente na caridade.
«Nós precisámos da Eucaristia. A Eucaristia é o pão do céu que nos alimenta, que nos dá força. É absolutamente imprescindível na nossa vida, associada ao serviço aos Irmãos», afirmou.
Sendo Vicentino e antigo provincial da Congregação da Missão em Portugal e assistente geral em Roma, o bispo auxiliar alertou para o risco da indiferença face aos pobres, sobretudo quando se vive com conforto material.
«Às vezes não queremos ver os pobres, nem os queremos levantar, mas Jesus convida-nos a olhar os mais pobres. Para Deus o mais importante não é o rico, mas sim o pobre», salientou.
«Dinheiro pode matar»
Diante dos peregrinos provenientes das 31 paróquias do Arciprestado, o prelado alertou que o dinheiro «pode matar, dividir, separar famílias, provocar guerras entre as pessoas, as famílias, empresas, países».
«Não basta rezar, é preciso praticar o bem. Se não praticarmos o bem, o Senhor pode fechar as portas do paraíso», acrescentou.
Arciprestado da Póvoa de Lanhoso
rezou pela paz, pelo Papa e bispos
Nesta celebração, os peregrinos da Póvoa de Lanhoso rezaram em comunhão eclesial pela paz no mundo, pelo Papa Leão XIV, pelo Arcebispo de Braga e pelos Bispos auxiliares, em particular por D. Nélio Pita que presidiu pela primeira vez a uma celebração jubilar arciprestal na Sé.
«Os tempos são conturbados, precisamos muito de paz», afirmou o arcipreste, o padre Albino Carneiro.
Na celebração, foi também destacada a importância de «redescobrir a paciência».
«A paciência, fruto do Espírito Santo, mantém vida a esperança. A paciência é filha da esperança e ao mesmo tempo seu suporte», foi proclamado.
A peregrinação jubilar do Arciprestado da Póvoa de Lanhoso começou na Igreja de São Pedro e São Paulo (Seminário Maior de Braga), onde os peregrinos se concentraram e receberam a bênção antes de seguirem em procissão até à Sé.
Na Catedral, a celebração inclui a Exposição do Santíssimo Sacramento, momentos de silêncio, momentos de escuta da Palavra, oração e canto.
Solenizada pelo Grupo Coral da Paróquia de S. Martinho de Travassos, a celebração culminou com a Consagração a Santa Maria, padroeira de Braga.
O arcipreste da Póvoa de Lanhoso manifestou a sua alegria pela participação ativa de fiéis, referindo que a mobilização começou há cerca de dois meses.
«Agosto e setembro são meses de férias e isso se calhar teve uma influência menos positiva na dinamização e mobilização. Por outro lado, estamos em período de pré-campanha eleitoral, mas mesmo assim as pessoas corresponderam ao nosso apelo», afirmou o padre Albino Carneiro, convicto de que os fiéis saíram da Sé Mais incentivados para um «compromisso com Jesus Eucaristia».