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«Desprezo pela dignidade humana» deve «motivar trabalhadores da justiça

«Desprezo pela dignidade humana» deve «motivar trabalhadores da justiça
Fotografia Vatican Media

Agência Ecclesia

Agência noticiosa católica

Publicado em 20 de setembro de 2025, às 18:08

Papa Leão XIV lembrou «realidade de tantos países» e povos com «fome e sede de justiça».

O Papa Leão XIV disse hoje que a “justiça evangélica” provoca a “justiça humana” para “ir mais além” e que a negação de “direitos básicos” e o “desprezo pela dignidade humana” deve motivar os trabalhadores da justiça.

“Hoje o que motiva os operadores da justiça é justamente a procura ou a recuperação dos valores esquecidos na convivência, o seu cuidado e o seu respeito. Trata-se de um processo útil e necessário, diante do surgimento de comportamentos e estratégias que demonstram desprezo pela vida humana desde o seu primeiro manifestar-se, que negam direitos básicos para a existência pessoal e não respeitam a consciência da qual brotam as liberdades”, afirmou esta manhã num encontro com trabalhadores do “vasto campo da justiça”, numa audiência inserida na celebração do Jubileu do ano santo 2025.

Leão XIV afirmou a necessidade não apenas de “sancionar o mal”, mas ajudar a repará-lo, pedindo um “olhar profundo para o bem das pessoas e o bem comum”.

“A justiça torna-se concreta quando se volta para os outros, quando a cada um é dado o que lhe é devido, até alcançar a igualdade em dignidade e oportunidades entre os seres humanos. Estamos, no entanto, conscientes de que a igualdade efetiva não é a igualdade formal perante a lei. Esta igualdade, apesar de ser uma condição indispensável para o correto exercício da justiça, não elimina o facto de que existem discriminações crescentes cujo primeiro efeito é precisamente a falta de acesso à justiça”, criticou.

O Papa falou na igual aspiração do ser humano e na condição de todos verem “direitos inerentes à sua dignidade garantidos por um sistema de valores comuns”, que sejam “partilhados” e “capazes de inspirar normas e leis nas quais se baseia o funcionamento das instituições”.

“A justiça é indispensável tanto para o desenvolvimento ordenado da sociedade como para a virtude cardinal que inspira e orienta a consciência de cada homem e mulher. A justiça é chamada a desempenhar uma função superior na convivência humana, que não pode ser reduzida à mera aplicação da lei ou à ação dos juízes, nem limitar-se aos aspetos processuais”, explicou.

No campo da justiça conjuga-se a “dignidade da pessoa, a sua relação com o outro e a dimensão da comunidade feita de convivência, estruturas e regras comuns”.

O Papa quis lembrar, no “panorama internacional”, “a realidade de tantos países e povos que têm «fome e sede de justiça», porque as suas condições de vida são tão injustas e desumanas que se tornam inaceitáveis”,

Pedindo aos trabalhadores do campo da justiça “uma atenção constante”, um “desinteresse radical” e um “discernimento assíduo”, o Papa afirmou a disponibilidade para o “serviço de pessoas, povo e Estado” de homens e mulheres com “dedicação plena e constante”.

“A grandeza da justiça não diminui quando é exercida nas pequenas coisas, mas sempre se destaca quando é aplicada com fidelidade ao direito e ao respeito pela pessoa, em qualquer parte do mundo que ela se encontre”, sublinhou.

Eram esperados mais de 15 mil pessoas para celebrar, no Vaticano, o Jubileu dos trabalhadores da justiça, vindos de cerca de 100 países, juntando juízes, procuradores, magistrados, advogados, operadores do direito, pessoal administrativo, com os seus familiares.