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Igreja tem que saber responder aos novos desafios da sociedade

Igreja tem que saber responder aos novos desafios da sociedade
Fotografia DR

Publicado em 13 de janeiro de 2024, às 11:43

A Igreja tem de saber responder aos desafios que lhe são continuamente colocados pela sociedade. É um dos alertas deixados pelo sacerdote bracarense, Paulo Terroso, numa entrevista ao Vatican News.

«A Igreja caminha e quando sai, de forma desassombrada, quando se expõe sem medo, à sociedade e às questões, aquilo que é a grandiosidade e beleza do cristianismo e sua doutrina passa no exercício direto com as pessoas e a sociedade civil». A leitura é assumida pelo padre Paulo Terroso, membro da Comissão de Comunicação da Secretaria Geral do Sínodo, numa entrevista ao Vatican News, centrada na reflexão que o Sínodo dos Bispos deve provocar nas dioceses, ao longo de 2024. Paulo Terroso não tem dúvidas que «os debates e reflexões nas dioceses, neste ano de 2024, devem partir do Relatório de Síntese da assembleia sinodal, que é fruto do longo processo de escuta iniciado a 9 de outubro de 2021 e que envolveu etapas diocesanas, nacionais e continentais», mas não esconde  que a questão dos jovens, os desafios lançados pela sociedade civil e o contributo dos leigos são questões que a Igreja Portuguesa não pode deixar para trás. É que «a presença dos jovens [na Igreja] é pouco efetiva», adverte o também reitor da Basílica dos Congregados, deixando claro que o êxito da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 «não reflete a Igreja em Portugal».

 

Problemas sérios na pastoral juvenil

 Paulo Terroso nota que se «olharmos para as nossas igrejas» vemos que «as comunidades estão envelhecidas» que «[as pessoas] que celebram a fé e os sacramentos, estão envelhecidas». «A presença dos jovens é pouco efetiva e qual é o meu medo? Que se dê a perceção de uma Igreja, de uma pastoral juvenil que não existe, que isso seja uma espécie de balão de oxigénio que diz: estamos tranquilos, celebrámos um grande momento», refere o também diretor de Comunicação da Arquidiocese de Braga, advertindo que o reconhecimento mundial da Jornada Mundial da Juventude que também testemunhou enquanto esteve no Sínodo, em Roma, não deve tolher a questão: «Mas o que significa para a Igreja em Portugal?».

 

 Saber ler os sinais dos tempos

 Sublinhando que não devemos «confundir um evento com a vida da Igreja», Paulo Terroso não esconde que «temos problemas sérios de pastoral vocacional, de permanência e de termos cristãos adultos na fé, de assumir as opções fundamentais na vida, como o matrimónio ou a vida consagrada e vida presbiteral». «E isso tem de ser olhado com realismo, olhando as próprias comunidade», sugere, para propor «um impulso missionário», porque «não podemos estar em gestão». «A Igreja tem de responder aos desafios que a sociedade permanentemente está a colocar e aquilo que Deus fala, o Espírito Santo fala na vida das pessoas e é preciso compreender o que está a ser dito», sublinha, apontando para os contributos que os leigos podem aportar à Igreja. É que «nem o padre nem o bispo têm de saber tudo, ninguém tem de saber tudo», destaca o sacerdote bracarense, acrescentando que «além dos conselhos presbiterais, pastorais, económicos, teriam muito a dar [à Igreja] outras pessoas da área da gestão empresarial, desporto, medicina». No entender do padre Paulo Terroso, os leigos querem mais espaço que o que lhes foi «consagrado» pelo Concílio Vaticano II.  «Agora os leigos querem muito mais que isso, querem participar de forma ainda mais ativa, sobretudo nos processos de tomar decisões, de conduzir, há algo para decidir e os leigos têm de ser ouvidos e envolvidos nesse processo», refere Paulo Terroso, apontando para a reflexão que importa fazer.