O cardeal e poeta José Tolentino de Mendonça, que venceu esta quinta-feira o Prémio Pessoa, vai entregar a totalidade do prémio, no valor de 60 mil euros, a uma instituição de solidariedade, anunciou a editora Quetzal.
“O cardeal José Tolentino Mendonça optou por entregar a totalidade do Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, a uma instituição de solidariedade”, afirmou, em comunicado, a editora, que tem publicado toda a obra ensaística do autor. De acordo com a mesma nota, Tolentino de Mendonça vai ser distinguido na sexta-feira com o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Aveiro, durante a cerimónia de comemoração dos 50 anos da Academia.
José Tolentino de Mendonça foi esta quinta-feira anunciado vencedor do Prémio Pessoa 2023, numa conferência de imprensa no Palácio de Seteais, em Sintra, uma distinção que o júri justificou com a forma como o cardeal se tem destacado “no ensino universitário, no ensaio de reflexão teológica e filosófica e na poesia”. Os membros do júri consideraram que Tolentino de Mendonça é “uma das vozes fundamentais da poesia contemporânea portuguesa e europeia” e que projeta uma visão do mundo norteada por uma espiritualidade que pretende acolher, compreender e transcender as dilacerações, conflitos e sofrimentos da humanidade”.
Desde 2017, a sua obra ensaística tem sido publicada na Quetzal, lembra a editora, assinalando que os seus livros têm sido distinguidos com vários prémios, entre eles o Prémio Cidade de Lisboa de Poesia (1998), o Prémio PEN Clube de Ensaio (2005), o italiano Res Magnae, para obras ensaísticas (2015), o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes APE (2016), o Grande Prémio APE de Crónica (2016) e o prestigiado Prémio Capri-San Michele (2017), bem como o Prémio Ilídio Pinho, no ano passado, em 2022. Iniciou a sua carreira literária em 1990, com a publicação de “Os dias contados”, no mesmo ano em que foi ordenado padre na Diocese do Funchal.
Poeta, sacerdote e professor, José Tolentino Mendonça nasceu na ilha da Madeira, Machico, em 1965. Estudou Ciências Bíblicas em Roma e vive no Vaticano desde 2018, onde ficou responsável pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo Secreto do Vaticano, tendo sido nomeado Cardeal em 2019. Em 2022 foi escolhido pelo Papa Francisco como prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, cargo equivalente num governo civil ao do Ministério da Cultura e da Educação.