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Viana do Castelo avança com taxa turística em 2023

Viana do Castelo avança com taxa turística em 2023
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Publicado em 18 de outubro de 2022, às 14:46

O projeto de regulamento segue para discussão pública, após aprovação em reunião ordinária do executivo.

Viana do Castelo vai começar a aplicar a partir de 2023 umataxa turística de um a 1,50 euros. A informação foi avançada pelo presidente da Câmara Municipal, Luís Nobre, após a aprovação do projeto de regulamento que segue para discussão pública.

Segundo o autarca, o projeto de regulamento, que prevê a aplicação de uma taxa turística de 1,50 euros em época alta e de um euro em época baixa, vai ter ainda de cumprir todos os procedimentos legais, como a consulta pública por um período de 30 dias úteis, após publicação em Diário da República (DR).Terminada essa auscultação, o documento volta a ser submetido à apreciação da autarquia e da Assembleia Municipal e, em caso de aprovação, entra em vigor, o que se prevê acontecer a partir do próximo ano.

Na reunião ordinária desta segunda-feira, o projeto de regulamento foi aprovado com os votos da maioria PS e da vereadora da CDU, Cláudia Marinho.Já os dois vereadores do PSD, Eduardo Teixeira e Paulo Vale, e Hugo Meira, do CDS-PP, em substituição da vereadora Ilda Araújo Novo, rejeitaram a proposta socialista.

No final da reunião camarária, em declarações aos jornalistas, Luís Nobre considerou «ser justo» ser criado «um mecanismo de algum reequilíbrio» no esforço financeiro que o município tem feito para dinamizar o setor turístico. «Fizemos um esforço municipal, sem termos nenhuma obrigação de o fazer, de mais de 1,2 milhões de euros na recuperação do património edificado, um esforço significativo na promoção da cidade e do concelho, na realização de eventos internacionais para atrairmos visitantes. Para realizarmos estas ações deixámos de fazer outras coisas. Gerir e governar tem a ver com isto. Não é só escolher as ações que nos podem dar alguma popularidade, temos de ter consciência e a racionalidade de gerir bem, de encontrar equilíbrios, equidade, e não pedir aos vianenses que façam um esforço de asseio e limpeza, de requalificação urbana, da realização de eventos e de promoção da cidade», sustentou.

Luís Nobre referiu que na Europa a taxa turística «já é uma realidade» e que, «em Portugal, alguns municípios começam a avançar» com a medida. O autarca sublinhou ainda que este projeto de regulamento veio espoletar «a reflexão sobre o assunto» e que «a consulta pública que se irá iniciar pretende recolher propostas que serão avaliadas e integradas, ou não, no documento final».

Em declarações à agência Lusa, o social-democrata Eduardo Teixeira criticou a «ganância de encontrar formas de cobrar mais impostos», defendendo que «só existem 11 cidades no país onde atualmente é aplicada a taxa e o valor que é proposto é superior ao de outros concelhos em que o número de dormidas é quase quatro vezes superior ao de Viana do Castelo». «Nesta fase, de pós pandemia de Covid-19, consideramos que é absolutamente prematuro estar a encontrar, com a criatividade com que temos sido brindados, sempre mais impostos, taxas e licenças, com mais este valor que não está testado que possa ser benéfico para uma atividade económica de que Viana do Castelo precisa em absoluto», afirmou o vereador.

Também Hugo Meira, do CDS-PP, considerou que a aplicação da taxa representa «uma manifesta falta de sensibilidade e até de sentido de oportunidade», manifestando «espanto» pela forma como «este executivo entende a atividade turística e a afluência de turistas» em Viana. «O número médio de dias em estadias em Viana do Castelo tem aumentando, reflexo do esforço de todos os intervenientes económicos, e com a aplicação desta taxa, todo este esforço terá sido em vão», destacou.

O projeto de regulamento da taxa municipal turística de Viana do Castelo, a que a Lusa teve acesso, explica que o «valor da taxa foi calculado com base nos custos de funcionamento das unidades de turismo, ambiente e espaços verdes, iluminação pública, gestão de equipamentos, vias e infraestruturas, limpeza urbana e custos indiretos».O documento, que vai entrar em discussão pública, refere ainda que «as estatísticas demonstram um crescimento significativo nos últimos anos, nomeadamente no que se refere ao número de hóspedes e dormidas, que, no período de 2014 a 2019, registou um aumento de 84% e 92%, respetivamente».Destaca ainda o aumento significativo no número de estabelecimentos de alojamento local, que em 2014 era de oito unidades, passando para 408 unidades em 2021.


Autor: Redação/Lusa