A Câmara de Terras de Bouro quer que as duas pontes sobre o rio Caldo, no Gerês, sejam Património Cultural de Valor Nacional, realçando o "protagonismo" daquelas infraestruturas como "instrumentos de coesão social e desenvolvimento económico".
A propósito da apresentação daquela candidatura, em declarações à Lusa, o presidente daquela autarquia afirmou que é "uma questão de respeito" pelo património edificado do concelho a classificação daquelas pontes, da autoria de Edgar Cardoso.
"É muito importante conseguir esta classificação para promover o nosso património, mas também como forma de garantir a sua proteção e preservação. Temos um património natural [o Gerês] que é mais do que reconhecido e referenciado, mas também temos património edificado", afirmou Manuel Tibo.
Segundo o autarca, "prosseguir o objetivo de classificar as duas pontes como Património Cultural é uma questão de respeito pelo nosso património e pelo nosso concelho".
Manuel Tibo salientou a importância das duas "passagens para a outra margem", para o concelho vizinho de Vieira do Minho, na vivência da população: "São o único acesso junto ao Cávado para aceder à vila termal, unem populações, são protagonistas fundamentais no desenvolvimento económico da população e instrumentos de coesão social", apontou.
As pontes sob o rio Caldo são projetos de engenharia da autoria de Edgar Cardoso, realizados entre 1952 e 1953 aquando do enchimento da albufeira da Caniçada por conta da Barragem da Caniçada.
Segundo o dossier de candidatura, trata-se de "duas obras icónicas da autoria daquele que foi o engenheiro de estruturas que mais se distinguiu no século XX em Portugal, pelo que deverá ser considerada não só a genialidade técnica do autor na fase de projeto e conceção, como o valor estético, técnico e material intrínseco presentes nas soluções e processos construtivos de cada um destes bens".
As duas construções são também "reconhecidas como ícones paisagísticos do Gerês" e "figuram até hoje como parte da memória coletiva" do Minho.
"Estas duas estruturas inscrevem assim, enquanto conjunto patrimonial, um interesse cultural de valor nacional que se fundamenta pelos seus valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade e exemplaridade", lê-se.
A Ordem dos Engenheiros, refere o texto, entende que os objetivos desta iniciativa de classificação das duas pontes "contribuem diretamente para a salvaguarda e proteção destes bens imóveis, que, projetados e executados entre 1951 e 1954, figuram historicamente como duas das mais importantes obras de engenharia civil na região do Gerês".
Funcionando com um mesmo conjunto infraestrutural para todo um território, as duas pontes têm a mesma solução estrutural e construtiva, sendo constituídas ambas por um tabuleiro de betão armado apoiado em vigas contínuas longitudinais, também de betão armado, vazadas na área dos apoios e que são apoiadas na cabeça dos pilares e em testas de muros implantados nas margens.
Autor: Redação/Lusa
Terras de Bouro quer pontes sobre rio Caldo como Património de Valor Nacional
Publicado em 25 de maio de 2021, às 10:33