O presidente da Câmara de Viana do Castelo defendeu hoje o regresso das seis pirogas monóxilas encontradas no rio Lima, e em classificação como Conjunto de Interesse Nacional (CIN), à cidade para serem instaladas no Museu de Artes Decorativas.
Em nota enviada à imprensa, o município adiantou ter sido essa a "vontade" manifestada por José Maria Costa ao executivo municipal durante a reunião camarária de hoje que decorreu à porta fechada como medida de prevenção e controlo do novo coronavírus.
Na quarta-feira, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) propôs ao Governo a classificação de seis pirogas monóxilas encontradas no rio Lima, em Viana do Castelo, como Conjunto de Interesse Nacional (CIN), com a designação de "tesouro nacional".
De acordo com anúncio publicado em Diário da República (DR), a proposta de classificação, datada de 06 de fevereiro, foi remetida à secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural.
As pirogas monóxilas são embarcações construídas a partir de um único tronco de árvore, neste caso de carvalho. O conjunto agora em processo de classificação foi recolhido do rio Lima entre 1985 e 2008.
Na reunião de executivo de hoje, José Maria Costa indicou que a autarquia "está a elaborar o projeto de ampliação do Museu de Artes Decorativas, que inclui uma sala para acolher as pirogas".
"O executivo da Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, uma pronúncia onde se congratula com a proposta de classificação das seis pirogas monóxilas, encontradas no rio Lima, por a mesma constituir um reconhecimento público do enorme valor histórico, artístico e científico deste património, para além de reconhecer o modo como o mar e os rios influenciam a identidade cultural nacional e local e o posicionamento estratégico de Viana do Castelo", refere a nota hoje enviada à imprensa.
Na pronúncia hoje aprovada o município acrescenta que, em agosto de 2018, "aquando da visita ao Museu de Artes Decorativas do então ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, foi concertado que o município de Viana do Castelo se comprometia a preparar instalações condignas para acolher da melhor forma as pirogas monóxilas e o Ministério da Cultura providenciaria no sentido de que as mesmas regressassem a Viana do Castelo, quando esse desiderato se encontrasse cumprido".
A DGPC justificou a classificação por se tratar de um conjunto que “apresenta um interesse arqueológico e patrimonial muito relevante enquanto testemunho notável da navegação em Portugal, e da travessia do Rio Lima em particular, desde a Idade do Ferro até à Baixa Idade Média".
O anúncio em DR determina agora 30 dias para pronuncia dos interessados.
A dimensão do conjunto e de cada exemplar - uma delas com quase sete metros de comprimento -, o seu estado de conservação e a antiguidade de alguns exemplares "não têm paralelo na Península Ibérica, sendo também únicos em Portugal", acrescenta a DGPC.
A abertura do procedimento, "no âmbito da política da DGPC, significa o reconhecimento do inegável valor científico, técnico, estético e material de cada um destes bens arqueológicos para a história de Portugal, remetendo para traços constituintes e distintivos da nossa relação com o mar".
As pirogas foram encontradas nos sítios de Lanheses e Lugar da Passagem, freguesias de Lanheses e Geraz do Lima, concelho de Viana do Castelo, sendo que o achado da primeira piroga do conjunto remonta a 1985.
Estes bens arqueológicos encontram-se à guarda da DGPC nas reservas do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), segundo aquele organismo do Ministério da Cultura.
Autor: Redação
Pirogas em classificação devem ficar em museu
Publicado em 12 de março de 2020, às 19:23