Um ano após o lançamento das Rotas do Norte, uma iniciativa de valorização do património cultural, artístico e arquitetónico da região, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte apresentaram um balanço positivo da implementação do projeto no terreno.
Mais de 400 bens culturais e sítios de arte e arquitetura contemporânea aderiram voluntariamente à iniciativa, dos quais quase 300 já integraram os itinerários das Rotas do Norte.
«Pusemos de pé um modelo de gestão colaborativo e participativo, que traz o melhor know-how da região para a promoção destas rotas», afirmou hoje Jorge Sobrado, vice-presidiente da CCDR-N, após a primeira reunião com os cogestores do projeto, realizada nas instalações da Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão.
Entre as entidade parcerias encontram-se a Fundação Cupertino de Miranda, a Fundação Côa Parque, a Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, a Casa da Arquitetura e a Fundação de Serralves. Em conjunto estão a dar corpo e a qualificar 17 rotas temáticas em todo o Norte do país.
Segundo Jorge Sobrado, neste momento estão aprovadas 36 candidaturas, que representam 60 milhões de investimento em projetos de reabilitação, conservação e musealização de bens culturais, com um financiamento europeu de mais de 30 milhões, através do Programa Norte 2030 e Plano de Ação para a Cultura Norte 2030.
«São ideias que se transformam em vontades, vontades que se transformam em produtos e em investimentos», sublinhou, acrescentando que o objetivo é tornar o Porto e Norte um «destino cultural mais magnético, mais extraordinário e de excelência».
O presidente da Turismo e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, qualificou o momento como «feliz para a cultura e o turismo da região», sublinhando que as Rotas do Norte são um «projeto inédito e único no país».
Segundo o dirigente, a iniciativa vai ajudar a responder a três grandes desafios da região: a distribuição dos turistas pelo território, a redução da sazonalidade e o aumento da estada média.
«Era necessário, de facto, apresentar aos turistas outros conteúdos para além daqueles que fazem com que 75 por cento dos visitantes permaneçam apenas na Área Metropolitana do Porto», defendeu Luís Pedro Martins, convicto de que as Rotas do Norte são fundamentais para uma «maior coesão territorial e social» no Norte.
«Para a cultura e o turismo, o interior é uma oportunidade e não uma fatalidade, mas era preciso passar das palavras aos atos, e por isso a criação deste projeto com estes parceiros», acrescentou.
As entidades gestoras das rotas poderão ter acesso ainda a cerca de 5 milhões de euros para promoção e estruturação de produto turístico, dos quais meio milhão será aplicado especificamente neste projeto — com a criação de vídeos, campanhas, ações de capacitação e viagens de benchmarking.
Jardim de Camilo
no Bom Jesus vai ser reabilitado
O conjunto dos investimentos aprovados será apresentado no próximo dia 28 de outubro, no Mosteiro de Santo André de Rendufe, em Amares. Um dos projetos emblemáticos, revelou o vice-presidente da CCDR-N, é a reabilitação integral do jardim de Camilo, no santuário do Bom Jesus, em Braga, atualmente vedado ao público, devido ao risco de ruína de um dos seus bens.
O investimento, na ordem dos 2 milhões de euros, financiado pelo Norte 20230, não será apenas para o jardim, mas para um conjunto de componentes da estância, e visa devolver o espaço à fruição da comunidade e qualificá-lo como experiência turística.
O responsável destacou ainda os projetos de animação cultural, como o festival de órgãos históricos que está a percorrer a região, e as cinco iniciativas dedicadas a Camilo Castelo Branco, no âmbito do bicentenário do escritor.
«Numa altura de época baixa do turismo, estamos a pôr oxigénio nos sítios patrimoniais», referiu.