Valença acolheu a apresentação pública da candidatura das Fortalezas Abaluartadas da Raia a Património Mundial da UNESCO, reunindo representantes institucionais, especialistas em património e membros da comunidade local. O processo envolve também os municípios de Almeida e Marvão e já foi entregue em Paris.
Segundo os promotores, as fortalezas de Valença, Almeida, Elvas e Marvão, construídas entre os séculos XVII e XVIII, «são testemunhos notáveis da engenharia militar e da história partilhada entre Portugal e Espanha». A candidatura agora apresentada visa o reconhecimento internacional deste conjunto patrimonial, que já integra uma rota turística transfronteiriça.
Na sessão, o vice-presidente da CCDR Norte, Jorge Sobrado, estacou o simbolismo da candidatura como resposta à invisibilidade que muitas vezes afeta o património monumental. «Nada é tão invisível quanto um monumento – impõe-se pela sua monumentalidade, mas torna-se invisível pela força do hábito da sua presença na paisagem. É contra essa invisibilidade que Valença, Marvão, Elvas e Almeida construíram esta candidatura», suportou.
O vice-presidente da CCDR Norte reforçou ainda a centralidade do Património Cultural na estratégia de desenvolvimento regional, considerando que «o Património Cultural é a chave-mestra da consciência histórica, da identidade territorial e da diferenciação do Norte. É também um instrumento de equalização do território, tornando central aquilo que é considerado periférico e, assim, desafiando o mapa da geografia económica».
Naquele contexto, Jorge Sobrado destacou o papel do Plano de Ação para a Cultura NORTE2030, promovido pela CCDR Norte, como ferramenta essencial para canalizar fundos europeus para a valorização do património. «O Plano de Ação para a Cultura vai permitir abrir o cofre dos fundos europeus para prioridades como as rotas do património cultural, da arte e da arquitetura contemporânea. A ação de conservação prevista para a Fortaleza de Valença, no valor de quase um milhão de euros, será seguramente aprovada», vaticinou.
Sublinhando a importância de uma governação articulada, o dirigente da CCDR Norte defendeu um modelo de gestão “360 graus” , apontando que «a gestão do património cultural deve evoluir para um modelo de governação multinível, que convoque de forma organizada o poder central, regional e local. O poder central tem oscilado entre a ausência e a sobreposição. É fundamental encontrar um equilíbrio que valorize o papel das autarquias e das regiões».
Jorge Sobrado concluiu com compromisso institucional, afirmando que «Valença é um bom exemplo de compromisso com o seu património. A CCDR Norte estará ao lado do município na discussão do modelo de gestão desta candidatura. Mais do que o ‘selo’ da UNESCO, importa continuar a cuidar e a devolver ao futuro o talento expandido do nosso património».