As mais antigas e mais participadas festas de estudantes do ensino secundário do país arrancam esta noite em Guimarães. O início das seculares Festas Nicolinas leva, hoje, à rua milhares de antigos e atuais estudantes para rufar caixas e bombos até de madrugada no mítico desfile do Pinheiro, que marca o arranque de um programa festivo que se prolonga até 7 de dezembro.
Esta noite, mesmo que o estado do tempo prometa não ajudar à festa. as principais ruas do centro da cidade berço vão encher-se de milhares de antigos e atuais estudantes. No início das Festas Nicolinas, os seculares festejos dos antigos e atuais estudantes do ensino secundário, em honra do padroeiro São Nicolau, são esperados mais de 100 mil participantes, oriundos de todas as partes do país.
Cumprindo uma tradição com quase 350 anos, esta noite, milhares de vimaranenses e visitantes invadem as ruas do centro da cidade para o número anunciador das Festas Nicolinas e o mais concorrido de todos, o desfile do Pinheiro, que se cumpre religiosamente na noite de 29 de novembro. O número mítico das festas dos estudantes vimaranenses encerra um ritual muito próprio, que começa ao raiar do dia e encerra de madrugada.
«O dia do Pinheiro começa sempre muito cedo e acaba sempre muito tarde, mas estamos todos cheios de determinação e vontade de o viver intensamente», resume Rui Texeira, presidente da comissão de festas deste ano, sempre constituída por dez rapazes, alunos do ensino secundário.
Os jovens estudantes encarregados da organização acordam de madrugada para assistir ao corte da «maior árvore», oferecida testamentalmente pela família de Aldão, que será depois decorada a preceito e carregada por carros puxados por juntas de bois, num desfile que se inicia, cerca das 23h00, no Terreiro do Cano, ao lado do Campo de S. Mamede e termina junto à Igreja de Santos Passos.
No ritual que assinala o arranque da festa dos estudantes de Guimarães, a comissão escolhe e ergue um dos maiores pinheiros da região, enquanto que, à frente dos carros de bois, desfilam milhares de estudantes nicolinos, novos e velhos, a rufar as respetivas caixas e bombos. É na noite do Pinheiro que os “nicolinos” de todas as partes do mundo se reúnem, em ceias e na rua, para celebrar a secular tradição.
Antes que a cidade se apinhe de gente e música pela noite e madrugada dentro, os nicolinos juntam-se à mesa com ementa própria. A “ceia” é composta por caldo verde com tora (chouriço), papas de sarrabulho, rojões de porco com batatas, tripas com grelos e castanhas assadas, sempre bem regadas com (muito) vinho verde. E os “nicolinos” são tantos que nenhum forasteiro encontrará esta noite um restaurante ou tasca que não esteja completamente lotado.
Depois do repasto, começa uma noite interminável de confraternização e de festa ao som de um característico toque de caixas e bombos. O “Pinheiro” sai do Cano e segue enfeitado com lanternas e um festão com as cores escolásticas (verde, vermelho e branco), pousado em carros puxados por juntas de bois, levando à frente uma representação da figura de Minerva, a deusa da sabedoria .
Os Nicolinos seguem na frente, liderados pelo Chefe de Bombos, que tem, atrás de si e da sua “boneca” - a “moca” que usa para marcar o ritmo do compasso - os estudantes, novos e velhos, rufando nas caixas o toque do Pinheiro e batendo forte nas peles. O desfile percorre a cidade, com um ruído ensurdecedor e milhares de pessoas, e a festa só termina quando o «mastro anunciador» estiver erguido.