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Grupo Coindu diz que apoio de 3,9 ME do PRR foi totalmente devolvido em outubro

Grupo Coindu diz que apoio de 3,9 ME do PRR foi totalmente devolvido em outubro
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 28 de novembro de 2024, às 16:25

O grupo Coindu devolveu integralmente o apoio de 3,9 milhões de euros que recebeu em 2022 do PRR.

O grupo Coindu devolveu integralmente o apoio de 3,9 milhões de euros que recebeu em 2022 do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR), destinado à recuperação económica pós-pandemia de Covid-19, revelou a empresa.

“Em 2022, a Coindu beneficiou de um empréstimo convertível governamental de 3,9 milhões de euros, no âmbito do PRR, que visava apoiar a recuperação económica pós-Covid. No entanto, apesar desta intervenção — totalmente reembolsada antes do previsto, em outubro de 2024 — a empresa registou uma deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado”, lê-se num comunicado publicado na terça-feira na sua página oficial de Internet, consultado pela Lusa.

Na segunda-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou à Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez e o despedimento dos 350 trabalhadores. Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto. “Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação das autoridades competentes”, destacou o SIMA. Na altura, a Lusa contactou a administração da Coindu, mas nunca obteve resposta.

No comunicado que publicou na Internet, o CEO do grupo, António Cândido, “anuncia a cessação das operações da sua fábrica de Arcos de Valdevez até ao final do corrente ano”. “Esta decisão surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da atividade desta unidade. Nos últimos anos, o setor automóvel vem a sofrer uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão de obra mais baixos, nossos concorrentes diretos”, refere.

Segundo o grupo, “esta situação conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos à nossa unidade nos Arcos de Valdevez”, especializada no ‘design’ e produção de componentes interiores para automóveis. “Apesar dos intensos e prolongados esforços, infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica ativa”, acrescenta António Cândido, destacando que “a entrada do Gruppo Mastrotto visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais”.

O responsável afirma que “a principal fábrica portuguesa, em Joane, Vila Nova de Famalicão, continuará as suas operações, com foco nos segmentos ‘premium’ do mercado automóvel, onde está localizado o centro de inovação tecnológico e o ‘headquarter’ do grupo Coindu”. “Esta decisão, embora difícil, reflete uma necessidade objetiva de garantir a sustentabilidade da empresa. Reconhecemos plenamente o impacto humano e social que isso acarreta”, frisa, adiantando que, por essa razão, o grupo, em colaboração com a Câmara de Arcos de Valdevez, está “a desenvolver um programa de apoio para ajudar os colaboradores a encontrar novas oportunidades de emprego”, comprometendo-se “a manter um diálogo aberto e transparente com os todos os colaboradores, sindicatos, instituições e a comunidade de Arcos de Valdevez”.

Em 15 de outubro, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de “uma participação maioritária na Coindu - Componentes Para A Indústria Automóvel, SA., por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio”. “Esta transação faz com que a Coindu se torne parte de um grupo líder da indústria de couro, consolidando a sua estabilidade financeira e operacional. Para o Gruppo Mastrotto, esta operação visa avançar a integração vertical, aumentando a capacidade da empresa de oferecer soluções de ponta a ponta para os interiores dos automóveis e fortalecendo sua posição competitiva no mercado global”, lia-se da nota. O Gruppo Mastrotto acrescentava estar, tal como a Coindu, “comprometido em expandir sua presença em segmentos de mercado de luxo”.

Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez e em Joane, Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.