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Centro das Artes José de Guimarães em diálogo com Governo por novo modelo de apoio direto

Centro das Artes José de Guimarães em diálogo com Governo por novo modelo de apoio direto
Fotografia CIAJG

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 08 de novembro de 2024, às 16:37

A cooperativa Oficina tem estado em contacto com o Ministério da Cultura.

A cooperativa Oficina tem estado em contacto com o Ministério da Cultura para que seja encontrada uma solução que permita ao Centro de Artes José de Guimarães receber financiamento direto do Estado, estando o atual Governo aberto à ideia.

Na quarta-feira, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, foi questionada no parlamento pelo deputado do Partido Social Democrata (PSD) e líder da concelhia de Guimarães, Ricardo Araújo, sobre a possibilidade de ser encontrada uma forma de financiar diretamente uma estrutura como o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), nascido aquando da Capital Europeia da Cultura (CEC), em 2012, sendo assim equiparado a outras estruturas em situação semelhante, como o Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, e a Casa da Música, no Porto, também resultantes das respetivas CEC.

Na resposta, a ministra afirmou: “Tem toda a legitimidade que seja dirigida ao Ministério da Cultura essa proposta de integração nas poíiticas de apoio a organismos e entidades que resultam de outras capitalidades como é o caso da Casa da Música ou do CCB. Não vejo nenhuma razão, pelo contrário, para que o Centro de Artes de Guimarães não tenha esse apoio”. Em 2024, a Fundação CCB recebeu uma transferência do Estado de 11,5 milhões de euros, enquanto para a Casa da Música foram destinados 10 milhões, de acordo com uma resolução de Conselho de Ministros de dezembro do ano passado.

Esta sexta-feira, em resposta a questões por escrito da Lusa, o presidente da direção de A Oficina, Paulo Lopes Silva, defendeu que o CIAJG deveria “ser financiado diretamente pelo Ministério da Cultura de Portugal através de subvenções ou outros modelos financeiros”. “A Oficina tem tido reuniões periódicas com o Ministério da Cultura, nos vários governos, onde temos tido a oportunidade de expor o nosso ponto de vista, e, ainda recentemente, estivemos no Ministério da Cultura, já com o governo atual em funções. Dessa reunião resultou a convicção e genuína vontade do Ministério de encontrar uma solução definitiva para o CIAJG, sem desvirtuar questões jurídicas que possam existir. O canal de diálogo com o Ministério está aberto e as soluções estão a ser estudadas”, pode ler-se na resposta de Paulo Lopes Silva.

O dirigente de A Oficina lembrou que, “no enquadramento atual, o CIAJG está muito limitado quanto ao valor de fundos a que pode concorrer, circunscritos [à Direção-Geral das Artes]". “Assim, alterando-se o modelo de financiamento, poderia o CIAJG desenvolver uma política de programação nas artes visuais mais ambiciosa e de acordo com a ideia original, aquando da sua conceção, integrada no cumprimento da sua missão nacional e internacional”, acrescentou.

Paulo Lopes Silva disse acreditar que existe “a firme convicção da perceção e vontade, por parte do Ministério da Cultura, em encontrar uma solução, conforme os sinais de abertura que [têm tido] nas reuniões que [têm] mantido”. Inaugurado em junho de 2012, no âmbito da Guimarães CEC daquele ano, o CIAJG acolhe parte da “coleção do artista José de Guimarães, composta por arte africana, arte pré-colombiana, arte antiga chinesa, e um conjunto representativo da sua obra”.

José de Guimarães, seu nome artístico, nasceu em 1939 naquela cidade minhota e começou a trabalhar como artista na década de 1960, tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em 1976 e 1977. “José Maria Fernandes Marques decidiu adotar, como pseudónimo, o nome da sua cidade de origem, após ter trabalhado como geólogo, engenheiro e arqueólogo. Embora tivesse viajado por França, Itália e Alemanha no início dos anos 60, a sua carreira definir-se-ia pela descoberta de regiões distantes e incomuns, de África ao Japão, do México à China. Cada uma destas culturas estimulou-o a desenvolver uma linguagem universal e a transmitir um universo imaginário que, afinal, reaviva a memória da própria História portuguesa”, lê-se na biografia do artista publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Estudante da Academia Militar e engenheiro formado pela Universidade Técnica de Lisboa, a sua vocação artística “foi efetivamente despertada em 1967, ano em que atravessou o continente e rumou a Angola para trabalhar como engenheiro militar”. Várias vezes premiado, já expôs de forma extensa no estrangeiro e em Portugal. “Desde que iniciou a sua atividade, em 2012, o CIAJG tem vindo a afirmar-se como um projeto cultural de caráter experimental e discursivo, apresentando reflexões sobre as suas coleções, numa crítica contínua à ideia de museu”, indica o museu, no seu ‘site’.

Gerido pela cooperativa A Oficina, também responsável por outros espaços da cidade como o Centro Cultural Vila Flor ou a Casa da Memória, o CIAJG é atualmente dirigido pela curadora Marta Mestre, no cargo desde 2020. A cooperativa, que organiza eventos como o Guimarães Jazz, o GUIdance, as Festas da Cidade e Gualterianas, é participada em 84,11% pelo município de Guimarães, com o qual assina um contrato-programa que, para este ano, previa uma verba acima dos quatro milhões de euros.