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Autarca de Caminha não se vai calar até Governo resolver assoreamento do rio Minho

Autarca de Caminha não se vai calar até Governo resolver assoreamento do rio Minho
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 24 de outubro de 2024, às 17:43

O presidente da Câmara de Caminha prometeu hoje não se calar até que o Governo resolva o assoreamento do rio Minho, lamentando que o executivo tenha “esquecido” a região e o tema na cimeira ibérica de quarta-feira.

“O problema carece de solução urgente. Agora o Governo vai ter de resolver, porque não me vou calar até que esta situação deixe de ser esquecida pelo Governo de Portugal”, afirmou Rui Lages (PS), em declarações à Lusa, lembrando o ofício conjunto com os presidentes dos municípios de A Guarda e O Rosal, na Galiza, enviado em outubro ao primeiro-ministro para que o tema fosse incluído na agenda da cimeira com Espanha.

Para o autarca, o assoreamento e a navegabilidade do rio Minho é uma “questão estratégica” e a cimeira era “uma oportunidade grande de debater o assunto”.

Em comunicado divulgado hoje, a coligação PSD/CDS/Aliança/PPM no município criticou Rui Lages por não ter “força política nem estratégia”, considerou que o assoreamento é um tema de “gestão corrente” entre os dois governos e apelou “à união na luta por uma ponte” de ligação a A Guarda, na Galiza, Espanha.

“Na cimeira ibérica, pela ordem de grandeza, era uma ponte pela qual todos deveriam lutar, mas não precisamos de uma cimeira para a pôr na agenda política nacional”, assinala a coligação.

Para a coligação, “o desassoreamento tem que ser tratado pelos governos dos dois países na gestão corrente de manutenções de navegabilidade do rio Minho”, sendo “uma questão que não pode estar à espera de decisões de cimeiras ibéricas”.

Rui Lages sustenta que “algo anda a falhar na gestão corrente” do problema que tem “décadas”.

“Estes fóruns servem para isso mesmo. Se este não é o fórum ideal, não sei qual era. Era importante o Governo português ter-se entendido com o de Espanha para ver quem e quando teria a responsabilidade de fazer o desassoreamento”, disse.

O autarca considera que “olhar para o assoreamento é ver o território como um todo”, por estar em causa “a navegabilidade do rio Minho, as pescas, o turismo e a segurança marítima nacional, que tem um posto em Caminha e se depara com as suas embarcações em bancos de areia”.

“Fiz chegar estas preocupações ao Governo. Enviei diversas missivas. As respostas foram sempre zero. A voz não me vai doer até ver esta situação resolvida”, avisou.

Quanto à travessia para ligar Caminha à Galiza, o autarca recorda o estudo do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho divulgado em outubro de 2023, de acordo com o qual a opção por um ‘ferryboat’ elétrico não pode ser descartada no curto/médio prazo, “mesmo no caso hipotético de se estudar uma ponte”.

A preocupação, disse, “é que o rio volte a ter dinâmica e a criar riqueza”.

Insistindo que “em cimeiras ibéricas tem que se lutar por uma ligação rodoviária efetiva”, a coligação revela que vai “promover reuniões com responsáveis, mostrar o estudo e trabalho já feito e sensibilizar as entidades”, para que a ponte “seja tema de aprofundamento nas relações entre os governos de Portugal e Espanha”.

De acordo com o estudo de pré-viabilidade do reforço de ligações entre Caminha e a Guarda, “mesmo no pressuposto de que se optasse por uma solução tipo ponte, há que ter presente que, para a sua materialização, seriam necessários 15 a 20 anos, pelo que seria de manter a ligação por ‘ferry’ elétrico”.

O 'ferryboat' Santa Rita de Cássia começou a cruzar o rio Minho entre Caminha e A Guarda em 1995, mas ao longo dos anos a travessia esteve várias vezes interrompida, em algumas situações por largos períodos, ou devido a avarias na embarcação ou pelo assoreamento do canal de navegação.

Caminha é único concelho do vale do Minho que depende do transporte fluvial para garantir a ligação à Galiza.

Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço dispõem de pontes internacionais.