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Romaria à Senhora de Porto de Ave mostra lado mais profundo e humano da fé

Fotografia DR

Publicado em 02 de setembro de 2024, às 10:29

Romaria de Nossa Senhora de Porto de Ave mantém viva a tradição secular dos devotos.

A romaria de Porto de Ave, na Póvoa de Lanhoso, revelou ontem o lado mais sentido e mais humano dos devotos da Senhora que se venera no santuário de Taíde. Os romeiros e devotos cumpriram a tradição secular de “pagar a promessa”, dando  três voltas à igreja com a imagem de cera na mão, que depois ofereceram a Nossa Senhora. A devoção profunda manifestou-se também durante a eucaristia solene a que presidiu o Bispo Auxiliar de Braga, D. Delfim.

Os romeiros e devotos de Nossa Senhora de Porto de Ave, no concelho da Póvoa de Lanhoso, cumpriram ontem a tradição secular do “pagamento das promessas” feitas nos momentos de maior aflição, em que a pequena humana só encontra conforto na grandeza divina. Dar três voltas à igreja do santuário mariano de Taíde, levando nas mãos uma imagem em cera do rosto de Nossa Senhora, foi o ritual cumprido ontem pelos romeiros e devotos. A demonstração de fé é feita ao ritmo das orações que acompanham a caminhada, umas vezes em grupo, outras em família  ou de forma isolada. No final, entra-se no templo pela porta principal e faz-se uma oração final em frente ao Altar-Mor. Mas a promessa “só fica paga” com a entrada no museu do santuário, para depositar a oferta ao pés de Nossa Senhora de Porto de Ave. 

O ritual fica concluído com a colocação de uma pequena imagem da Virgem na cabeça dos devotos. «É uma tradição antiga, que alivia a cabeça dos males que nos afligem», disse ao Diário do Minho o irmão da Confraria de Nossa Senhora de Porto de Ave destacado para colocar a imagem da Senhora na cabeça dos devotos. Entre eles havia quem já contasse 42 anos de visitas ininterruptas. «Comecei com 18 anos e tenho 61 anos. Nunca faltei a uma romaria e sempre cumpri este ritual. É uma devoção muito grande a Nossa Senhora», comentou uma romeira, no final de “pagar a promessa». 

A dimensão humana da Virgem Maria é uma das imagens de marca do santuário. Numa capela lateral ao templo, está representada a versão mais humana da Natividade. No quadro alusivo ao nascimento de Jesus, não falta sequer o responsável pelo registo dos nascimentos. E a relação íntima entre o humano e o divino esteve também no centro da homilia do Bispo Auxiliar de Braga, que presidiu à Eucaristia Solene em honra de Nossa Senhora de Porto de Ave. «Com Maria, aprendemos a partir para cuidar dos que mais necessitam», disse D. Delfim Gomes, depois de sublinhar que o papel central de um cristão reside na «construção da paz, na valorização da pessoa humana e na promoção de um mundo mais humano», porque «a abertura ao outro está no coração da visão cristã do mundo». 

Trata-se de «um compromisso» que exige de cada um a «capacidade» de «escutar a Palavra de Deus», e «testemunhá-la» com a certeza de que «Deus não se cansa de nos apontar o caminho de vida» que nos conduz «à missão fundamental de uma vivência em comunhão com Deus e com os outros», destacou D. Delfim Gomes, que não deixou de sublinhar que esse é também o compromisso da Arquidiocese de Braga, «neste tempo em que se assume como Igreja Samaritana que se sente mandatada para levar Jesus a todos e todos a Jesus».