De acordo com o despacho, a “abertura do procedimento de classificação” do imóvel do distrito de Viana do Castelo, propriedade do arquiteto Alexandre Alves Costa, coloca já sob proteção o imóvel e fixa uma zona geral de proteção (50 metros contados a partir dos seus limites externos).
Nos “elementos relevantes do processo”, disponíveis no ‘site’ do instituto público Património Cultural, refere-se que o imóvel construído “entre a segunda metade dos anos 60 e o início dos anos 70” encerra, “sem sombra de dúvida, valores de autenticidade, exemplaridade, interesse estético e histórico”.
A moradia é considerada uma “síntese exemplar de uma época de reflexão crítica sobre o modernismo, em que alguns arquitetos percebem de forma clara as vantagens de recolher lições quer nos mestres da vanguarda quer nos bons exemplos do passado”.
“Entre praias, vento e pinhais, afastadas das grandes cidades onde mais se faziam sentir os condicionamentos políticos, encomendadas maioritariamente por uma elite nortenha ilustrada e de espírito aberto, estas casas [a Casa Alves Costa e outras, em Viana do Castelo ou Ofir, por exemplo] destinadas a uma utilização sazonal e lúdica […] permitiram inovações e experiências que seriam difíceis noutras geografias”, descreve.
O documento indica ainda que a moradia se fecha “significativamente ao exterior, assumindo um desejo de intimidade e recolhimento, numa filosofia que pode ser associada à ideia tradicional de casa como ninho protetor, ou ao princípio da rejeição da realidade política (que era, à época, a ditadura do Estado Novo)”.
Numa “análise mais pragmática”, é equacionada uma “lógica de simples para-vento, uma vez que as paredes quase cegas voltadas para a rua resguardam a casa da nortada que castiga regularmente aquela zona costeira”.
A Casa Alves Costa e mais sete obras do arquiteto Álvaro Siza em Portugal compõem uma candidatura a Património Mundial da UNESCO, submetida em 2023, revelou na ocasião o diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).
Os oito projetos são o edifício da FAUP, a Piscina das Marés, a Casa de Chá da Boa Nova, o Museu de Serralves, o Pavilhão de Portugal, o Bairro da Bouça, a Igreja do Marco de Canavezes e a Casa Alves Costa.