O monumento funerário megalítico encontrado no Monte do Oural, em Vila Verde, pode ser musealizado no futuro, segundo a presidente da Câmara.
O espaço está no seu segundo ano de escavações por um grupo de alunos de Licenciatura e Mestrado do curso de Arqueologia do curso de Arqueologia da Universidade do Minho, supervisionados pelo investigador Luciano Vilas Boas.
Segundo as estimativas, a mamoa terá sido construída no período Neolítico (até 4.000 anos antes de Cristo, ou seja, mais de 6.000 anos atrás).
O projeto está inserido no doutoramento de Vilas Boas intitulado ‘Paisagens mortuárias durante a pré-história recente entre as bacias do rio Lima e do Rio Neiva”. O arqueólogo diz que o potencial do sítio é muito maior do que o previsto inicialmente.
"Estamos a perceber que, provavelmente, existirá um átrio, isto é, uma zona de acesso ao interior do monumento, que pensávamos que estaria destruído, mas aparentemente ele poderá estar ainda bem preservado, o que é uma boa noticia”, disse Luciano Vilas Boas.
As escavações também já detetaram um menir no local, onde a maioria dos trabalhos devem ocorrer nesta temporada, com a tutela de Ana Bettencourt, diretora de curso e coordenadora do projeto de Vilas Boas.
Segundo os arqueólogos, o referido menir "não é muito comum no norte de Portugal, mas na bacia do Neiva, da nascente até à foz, existem alguns exemplares”. No caso do Monte do Oural, a especificidade da estrutura é acrescida pelo facto de “estar muito próxima a um monumento megalítico, o que não é nada comum”.
De acordo com Vilas Boas, as câmaras funerárias podem ter sido reutilizadas entre 2.500 e 2.000 anos a.C., pois foram encontrados fragmentos de cerâmica de tipo campaniforme.
A presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Rodrigues Fernandes, esteve no sítio arqueológico, valorizou o protocolo firmada entre a autarquia e a Universidade do Minho, e lembrou que a iniciativa pode levar a um projeto de musealização do local.
“O nosso concelho é muito rico em arqueologia, com vestígios de ocupações em diferentes épocas, como é o caso da Citânia de S. Julião, em Ponte S. Vicente, e muitos outros locais identificados e que é fundamental disponibilizar às pessoas para visitar e conhecer melhor estes achados e a história das nossas terras e dos nossos antepassados”, defendeu Júlia Rodrigues Fernandes, em comunicado.
A autarca também lembrou que, para um local como este ser visitado, é necessária a responsabilidade dos turistas.
"Todo este trabalho tem de ser feito com muito cuidado, de forma muito restrita e muito cautelosa para não destruirmos o que aqui está”, disse a autarca.
A mamoa do Monte do Oural “é um monumento megalítico que terá sido construído durante o período Neolítico e no seu interior existiria uma câmara funerária, mais comumente conhecida por anta ou dólmen, que já foi quase totalmente destruído, temos apenas um esteio in situ, isto é, no sítio original”.
As mamoas, ou antas, normalmente datam de 4.000 anos a.C., e foram construídas pelas primeiras comunidades de pastores e agricultores, e segundo os arqueólogos, destinavam-se a albergar os mortos, provavelmente de maior prestígio das comunidades.