A tradição das pesqueiras do Rio Minho vai estar na próxima coleção de selos personalizados dos CTT, segundo anunciou hoje a Câmara de Melgaço.
O booklet de oito selos vai ser lançado no próximo sábado num evento fechado ao público no Parque de Merendas, junto ao acesso ao Rio Minho, na freguesia de Alvaredo.
“A Festa, cujo intuito é mostrar a importância da atividade piscatória nas pesqueiras do Rio Minho, aos níveis económico, ecológico, social, patrimonial e cultural, assume-se como um marco de convívio entre os pescadores das pesqueiras do rio Minho, assim como das várias instituições/entidades com as quais mantém relações profissionais e/ou institucionais, sendo apenas aberta a este público. Esta iniciativa oferecerá aos participantes uma experiência associada à gastronomia, com produtos endógenos da região, e à descoberta das suas origens, onde os participantes terão a oportunidade de conhecer in loco as pesqueiras e a arte ancestral da pesca que aqui se faz”, diz o comunicado enviado às redações.
Segundo lembra a Câmara, o rio Minho marca a identidade das gentes de Melgaço e a ele estão ligadas as principais atividades que foram, durante anos, as suas fontes de sobrevivência e, desde cedo, se assumiu como uma das principais fontes de rendimento. Naquela época, o rio era rico em espécies que ainda hoje fazem as delícias gastronómicas, como o salmão, o sável, a savelha e, sobretudo, a lampreia, e que são hoje produtos de promoção turística. Atendendo à enorme variedade piscícola que o rio oferecia, a população foi utilizando os seus recursos e a sua própria topografia para construir armadilhas de pesca em pedra ao longo das suas margens – as pesqueiras do rio Minho.
Recorde-se que, desde novembro de 2022, as pesqueiras do Rio Minho integram o Inventário Nacional do Património Imaterial.
A origem das suas construções perde-se na História: as primeiras referências documentadas são do séc. XI. Já eram utilizadas pelos romanos para a pesca daquela que é considerada uma das maiores iguarias do rio Minho: a lampreia. Testemunham saberes ancestrais na escolha dos melhores sítios para a sua implementação, na sua orientação em relação às correntes do rio, no processo de trabalhar a pedra e erguer os muros, na escolha das redes mais adequadas e, ainda, no sistema de partilha comunitária do seu uso.
Saiba-se que este rio internacional concentra, nas duas margens e apenas no troço de 37 quilómetros, entre Monção e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras (das quais cerca de 350 estão ativas).