twitter

Trabalhadores em greve acusam empresa de Viana de permitir entrada de externos sem segurança

Trabalhadores em greve acusam empresa de Viana de permitir entrada de externos sem segurança
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 29 de abril de 2024, às 11:28

GNR está no local para prevenir incidentes

Os trabalhadores da empresa DS Smith, em greve desde sábado, acusaram hoje a administração de, com a ajuda da GNR, deixar entrar na fábrica de Viana do Castelo trabalhadores externos sem estarem garantidas condições de segurança.

“A laboração está parada e a responsabilidade da segurança de instalações e equipamentos é do piquete de greve. Desde as 07:00 que a GNR está nas três portarias da fábrica e estamos a tentar explicar aos trabalhadores de empresas externas que não devem entrar por motivos de segurança, mas a administração, com a ajuda da GNR, está a deixar entrar todos esses trabalhadores que não têm segurança nenhuma”, afirmou José Flores.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da comissão de trabalhadores e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE Norte) adiantou que, apesar da “forte presença policial, não se registaram desacatos” na empresa britânica de produção de papel e embalagens.

Fonte do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo disse à Lusa que, para prevenir qualquer incidente, estão no local várias patrulhas e, de reserva, o pelotão de intervenção.

José Flores explicou que a greve, que decorre desde sábado às 16:00 e até às 24:00 de terça-feira, resulta de “muita saturação acumulada ao longo dos últimos anos” e “pela ausência do acordo de empresa para 2024”.

“A negociação do acordo de empresa para 2024 começou no dia 19 de fevereiro. A segunda reunião foi no início de abril, mas sem resultados. A empresa está a levar muito a sério estas negociações”, sublinhou José Flores.

Em causa, adiantou o representante dos trabalhadores, está “um aumento do salário em 4,3%, no mínimo de 150 euros e um aumento de 4,3% nas cláusulas pecuniárias que inclui subsídio de alimentação, prevenção e prémio de risco, entre outras”.

José Flores referiu ainda que “a empresa há mais de 20 anos que está a tirar 65% do prémio de produção que devia pagar os trabalhadores”, questão que vai ser dirimida em tribunal.

O responsável disse ainda que “a empresa não está a pagar, em dias de feriado, as horas de prevenção aos trabalhadores”.

Contactada pela Lusa, a administração da DS Smith garantiu que a situação na fábrica está calma e que a GNR está no local apenas para evitar distúrbios e garantir a entrada dos trabalhadores de empresas externas”.

Em comunicado, a empresa lamentou que os seus “colaboradores tenham optado por uma ação coletiva, especialmente tendo em conta as conversações positivas” que têm sido desenvolvidas.

“Gostaríamos de sublinhar que a proposta salarial que apresentámos é muito generosa. Tal como a do ano passado, esta proposta oferece um aumento superior à inflação, num contexto de condições de mercado desafiantes”, sustente a nota.

A DS Smith garante “continuar emprenhada em encontrar uma solução que apoie os colaboradores e a empresa”.

“Como sempre, mantemo-nos focados nos nossos clientes e estabelecemos planos para garantir que continuamos a prestar o melhor serviço possível”, acrescenta a DS Smith, empresa líder em soluções de ‘packaging’ sustentável que, este ano, está a celebrar os 50 anos da fábrica de papel ‘kraft’ de Viana do Castelo.

A fábrica de Viana do Castelo começou a ser construída em 1971, mas a operação contínua só começou em janeiro de 1974.

Atualmente, a fábrica está a ser alvo de processo de modernização, anunciado em 2023, no valor de 145 milhões de euros.