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Jogo do Pau de Cabeceiras de Basto classificado património cultural imaterial

Jogo do Pau de Cabeceiras de Basto classificado património cultural imaterial
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 27 de dezembro de 2023, às 14:09

Anunciou esta quarta-feira a Direção-Geral do Património Cultural.

O Jogo do Pau de Cabeceiras de Basto foi inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, anunciou esta quarta-feira a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). O Jogo do Pau caracteriza-se por ser uma técnica de defesa/ataque com uma arma barata e simples, de fácil acesso ao camponês.

“Este usava o seu varapau quer como defesa nas suas lides de pastoreio, quer quando tinha de se defender de qualquer quezília, para que era desafiado e não raras eram as vezes, nas feiras semanais, ou mesmo quando alguém lhe saía ao caminho. Com o decorrer dos tempos, a abertura das sociedades campesinas à urbanidade este hábito caiu em desuso, mas esta arte continuou a passar de geração em geração”, lê-se na descrição patente na plataforma MatrizPCI, salientando que há apenas duas escolas ativas, nas freguesias de Bucos e Abadim.

Em comunicado, a DGPC diz tratar-se “de uma manifestação de caráter performativo, na categoria ‘atividades lúdicas’, que se pratica nas freguesias de Abadim e de Bucos”, acrescentando que os protagonistas se agrupam em duas escolas representadas pela Associação Recreativa, Desportiva e Cultural de Abadim - ARDCA e pela Associação Desportiva e Cultural S. João Baptista de Bucos. “As origens desta prática remontam ao mundo rural, onde o pau era usado por pastores e agricultores para conduzir o gado, mas também como arma de defesa e de ataque. Mais tarde ganhou expressão no espaço urbano, onde se afirmou como um jogo exigente a nível físico e intelectual. Preferencialmente feito em madeira de lódão, o pau é torneado manualmente, levando um tratamento próprio para não se partir”, explica a DGPC.

Segundo a DGPC, “a transmissão de conhecimento sobre o 'Jogo do Pau' tem ocorrido de geração em geração entre membros unidos por laços familiares, alguns deles descendentes de mestres que continuam a ser uma referência para as comunidades de praticantes desta arte, geradora de um sentimento identitário na região”.

O pedido de inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI) foi apresentado à DGPC pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, “que desenvolveu profundo estudo sobre a manifestação”. “Atendendo a que a transmissão desta tradição construtiva não está devidamente salvaguardada, o que pode pôr em perigo a sua continuidade, a decisão de inscrição no INPCI reconhece a importância desta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da respetiva comunidade ou grupo, bem como os processos sociais e culturais nos quais teve origem e se desenvolveu na contemporaneidade”, refere o comunicado da DGPC. A “técnica nortenha do 'Jogo do Pau'” tem vindo, sublinha a DGPC, “a apresentar-se em feiras, festas, romarias e outros eventos culturais, tanto em Portugal como no estrangeiro”.