Guimarães vai ter um centro dedicado ao rastreamento via satélite para a receção e análise de dados espaciais e aéreos, no âmbito de um projeto com financiamento europeu de dois milhões de euros, que pretende consolidar a afirmação da Eurorregião Galiza e Norte de Portugal no setor aeroespacial.
O projeto no qual Guimarães vai ter um «papel central» foi apresentado como um exemplo do trabalho conjunto para o desenvolvimento regional, durante uma visita ao Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal, em Vigo, no âmbito do encontro anual do Interreg, que decorreu em Santiago de Compostela.
Liderado pela Universidade de Vigo, o programa conta com a cocoordenação da Universidade do Minho, sob a coordenação de Gustavo Rodrigues Dias, diretor dos programas de Engenharia Aeroespacial.
O coordenador do AEROGANP, diretor da Escola de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Vigo, Humberto Michinel, explica ao Diário do Minho que o projeto «surgiu da necessidade de impulsionar a investigação num setor tecnológico estratégico, o aeroespacial, na Eurorregião Galiza e Norte de Portugal. Além da proximidade geográfica, a região possui um grande potencial no setor».
«As universidades de Vigo e do Minho já tinham antecedentes de cooperação em investigação e inovação. A criação do Instituto de Física e Ciências Aeroespaciais na Universidade de Vigo, juntamente com a implementação dos cursos de Engenharia Aeroespacial, primeiro no campus de Ourense e mais tarde em Guimarães, marcaram um ponto de viragem na atividade de investigação no setor aeroespacial na Eurorregião. A isso somaram-se os investimentos públicos, como a aposta da Galiza no polo aeroespacial de Rozas, em Lugo», afirma.
Admitindo que os objetivos do AEROGANP são «ambiciosos», adianta que pretende «criar uma rede transfronteiriça de cooperação na Eurorregião que reúna os principais atores interessados no setor espacial, mapeando as suas capacidades e sinergias para promover a investigação aeroespacial contínua e a inovação».
O projeto visa «implementar um demonstrador que opere em ambos os lados da fronteira, facilitando a transferência de tecnologia aeroespacial para a sociedade», e «contribuir significativamente para o desenvolvimento e aprimoramento das capacidades de investigação, inovação e transferência de tecnologia aeroespacial para o setor produtivo».
O projeto vai alcançar esses objetivos através da «criação de um demonstrador com duas partes complementares: uma, em Guimarães (Portugal), dedicada ao “big data” e rastreamento via satélite para a receção e análise de dados espaciais e aéreos e outra, no Centro de Investigação Aeroespacial de Rozas (Galiza), onde diversos pilotos demonstrativos de tecnologias avançadas de drones, fabricados em colaboração com ambos os lados da fronteira, produzirão dados que serão analisados no centro português. «Isso assegura que a cooperação transfronteiriça continue a gerar colaborações mesmo após o término do projeto», salienta Humberto Michinel.
Projeto vai ter impactos significativos na Galiza e Norte de Portugal
O coordenador do AEROGANP, Humberto Michinel, considera que o projeto na área aeroespacial que conta com a participação da Universidade do Minho vai ter «impactos significativos» na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal.
O académico perspetiva que o projeto vai «fortalecer a cooperação transfronteiriça no setor aeroespacial, promovendo a inovação e o desenvolvimento tecnológico», e «aumentar a transferência de conhecimento da investigação básica na área aeroespacial para as empresas circundantes».
Em seu entender, vai «potenciar o ecossistema de investigação, inovação e desenvolvimento como um atrativo para investimentos na região, promovendo o desenvolvimento económico e a retenção do conhecimento tecnológico».
«O projeto AEROGANP visa criar uma base sólida de cooperação no setor aeroespacial na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal. Com os objetivos ambiciosos e as sinergias geradas, é possível que novos projetos de cooperação surjam no futuro. A criação de um ecossistema de investigação e inovação no setor aeroespacial pode atrair investimentos adicionais e estimular colaborações contínuas, fortalecendo a região como um “hub” no setor aeroespacial na Europa», afirma.
Este responsável diz que a obtenção de financiamento desempenhou «um papel crucial» para o progresso do projeto. «Os recursos financeiros possibilitaram a realização das atividades planeadas, incluindo o desenvolvimento do demonstrador, a criação da rede de cooperação e a realização de pesquisas inovadoras» refere.
O AEROGANP tem um orçamento total de 2 milhões de euros, dos quais 75% são financiados com recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
*Em Santiago de Compostela, a convite da Comissão Europeia.