twitter

Julgamento da derrocada de terras em Guimarães em 2013 arranca em janeiro

Julgamento da derrocada de terras em Guimarães em 2013 arranca em janeiro
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 18 de outubro de 2023, às 14:25

Dois engenheiros acusados no processo da derrocada de terras registada em 2013, em Mesão Frio, Guimarães, que cortou a variante que liga este concelho a Fafe mais de duas semanas, começam a ser julgados em janeiro de 2024.

 

Fonte judicial disse hoje à agência Lusa que a primeira sessão está marcada para as 10:00 de 16 de janeiro, no Tribunal Local Criminal de Guimarães, na Praça da Mumadona, estando também agendadas sessões para 17 e 18 de janeiro.

O processo chega assim a julgamento mais de uma década após a derrocada, que aconteceu em 02 de abril de 2013, na freguesia de Mesão Frio, concelho de Guimarães, distrito de Braga, e mais de um anos depois de o Tribunal da Relação de Guimarães ter enviado o processo para julgamento.

Na sequência de recurso interposto pelo Ministério Público (MP), o Tribunal da Relação de Guimarães (TRG) decidiu levar a julgamento os dois engenheiros, depois de, em fevereiro de 2022, o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Guimarães não pronunciar (decidir não levar a julgamento) nenhum dos quatro arguidos anteriormente acusados, e que tinham requerido a abertura de instrução.

No acórdão, proferido em novembro de 2022, o TRG “julgou parcialmente procedente” o recurso do MP e pronunciou (decidiu levar a julgamento) um engenheiro técnico e uma engenheira civil “pela prática do crime de infração de regras de construção, dano em instalações e perturbação de serviços”.

Em 21 de junho de 2019, o MP deduziu acusação contra a empresa responsável pela construção de 10 vivendas de luxo, dois sócios-gerentes e os dois engenheiros que vão ser julgados, imputando-lhes “a prática de um crime de infração de regras de construção, dano em instalações e perturbações de serviços, e de um crime de atentado à segurança de transporte rodoviário”.

Os arguidos requereram a abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir por um juiz de instrução criminal se o processo segue e em que moldes para julgamento, tendo, em 22 de fevereiro de 2022, o TIC de Guimarães proferido despacho de não pronúncia, decisão revertida pelo TRG, em 21 de novembro de 2022, porém só quanto aos dois engenheiros.

A acusação do MP sustenta que, no contexto de edificação de um empreendimento imobiliário constituído por 10 casas de habitação, os arguidos empreiteiros construíram, de 15 de março de 2007 a 22 de fevereiro de 2008, um aterro, em Mesão Frio, concelho de Guimarães, “em conjunto com os arguidos engenheiros, que não observara as boas regras de construção constantes de normas regulamentares aplicáveis a tal tipo de realização, nomeadamente as relativas à drenagem e à composição do solo”.

“Como consequência direta e necessária de tais vícios de construção”, em 02 de abril de 2013 “os solos da obra, bem como o talude, deslizaram numa extensão de 60 metros e altura de 50 metros”, sublinha o MP.

Na variante à Estrada Nacional 201 (EN201) ficaram depositados na estrada 12.000 metros cúbicos de terra e lama.

Para o MP, “só por casualidade” é que a derrocada não causou “danos contra a vida e a integridade física dos moradores das casas de habitação e dos utentes que então transitavam na variante”.

A estrada, que liga Guimarães ao concelho vizinho de Fafe, esteve cortada durante mais de duas semanas.

As 10 habitações ficaram “descalças” e os respetivos moradores impedidos de lá entrar durante oito meses.