O coletivo musical Os Cupertinos lançou na sexta-feira, dia 1 de setembro, o quarto álbum pela editora Hyperion, desta feita dedicado ao compositor Filipe de Magalhães (1563-1652), composto quase na íntegra por inéditos, anunciou a Fundação Cupertino de Miranda.
«Na sequência dos aclamados e galardoados trabalhos discográficos dedicados a Manuel Cardoso (1566-1650), Duarte Lobo (c1565-1656) e Pedro de Cristo (c1550-1618) em parceria com a conceituada editora Hyperion, o grupo vocal Cupertinos debruça-se agora sobre a figura daquele que terá sido o músico português de mais elevada reputação entre os seus contemporâneos», pode ler-se no comunicado da fundação sediada em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
Gravado em julho do ano passado, na Basílica do Bom Jesus, em Braga, com produção de Adrian Peacock, Os Cupertinos contam com direção musical do maestro Luís Toscano. O álbum inclui o “Magnificat primi Toni” e as missas “Veni Domine” e “Vere Dominus est”, que se baseiam, respetivamente, “nos motetes homónimos de Francisco Guerrero (1528-1599) e Pierre de Manchicourt (c1510- 1564)”, tendo a transcrição de ambas sido possível a partir do original que se encontra na Biblioteca da Universidade de Coimbra, ao abrigo de um protocolo entre a instituição de ensino superior e a Fundação Cupertino de Miranda.
Filipe de Magalhães «tem sido apontado como pupilo favorito do renomado mestre Manuel Mendes (c1547-1605), que lhe legou o seu espólio musical para uma desejável edição póstuma que, lamentavelmente, nunca se concretizou», escrevem Luís Toscano e o professor da Universidade de Coimbra José Abreu, num texto publicado no ‘site’ da Hyperion.
«Em finais da década de 1580, Magalhães era já professor de música e cantor ao serviço da catedral eborense, de onde terá saído para Lisboa no ano de 1596. Aqui foi nomeado, de acordo com o pioneiro historiador e bibliógrafo Diogo Barbosa Machado (1682-1772), ‘Mestre na Caza da Misericordia de Lisboa’ e, entre 1623 e 1641, Mestre na Capela Real ‘com grande crédito do seu talento’, onde sucedeu a Francisco Garro (1623), deixando uma indelével marca como um dos mais conceituados músicos portugueses», acrescentaram os dois autores.
Toscano e Abreu notam a «curiosidade acrescida» de Filipe de Magalhães ter incluído, em duas publicações, dedicatórias a Filipe III de Portugal (Filipe IV de Espanha) e ao então duque de Bragança, que seria rei de Portugal.