twitter

Missa em português e castelhano benze gaitas em romaria de Arcos de Valdevez

Missa em português e castelhano benze gaitas em romaria de Arcos de Valdevez
Fotografia Santuário da Peneda

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 28 de agosto de 2023, às 11:31

No dia 5 de setembro.

A Romaria de Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez, dedica o dia 5 de setembro à bênção das gaitas de foles, com uma missa em português e castelhano, devido à forte participação de galegos, foi divulgado esta segunda-feira.

A romaria, com 200 anos, tem início na quinta-feira e termina a 8 de setembro, é promovida pela Confraria da Nossa Senhora da Peneda, com o apoio da Câmara de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo. Em declarações à Lusa, César Maciel, capelão do Santuário de Nossa Senhora da Peneda, situado na freguesia da Gavieira, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), explicou que no dia 5 de setembro a missa das 9h30 é celebrada em português e a das 12h00 em castelhano, por um pároco espanhol convidado para o efeito.

Às 21h00, são benzidas as gaitas de foles, instrumento típico da Galiza cada vez mais utilizado no Alto Minho, naquela que é conhecida localmente como a noite dos espanhóis. “A bênção das gaitas de foles acontece há dois anos, mas a participação dos vizinhos da Galiza na Romaria da Senhora da Peneda é imemorial. A maioria das festas na Galiza começa no dia 8 de setembro. Antigamente, e mesmo agora, os romeiros vinham a pé, por caminhos trilhados no monte, porque não existiam estradas. Chegavam à Romaria da Senhora da Peneda na noite do dia 4 de setembro, pernoitavam junto ao santuário e, depois dos festejos do dia 5, regressavam às suas aldeias a tempo das romarias locais”, explicou César Maciel, padre há 15 anos e capelão do santuário há três.

Pelos mesmos caminhos percorridos pelos vizinhos da Galiza, sinalizados e que durante o ano servem de trilhos para os amantes da natureza, chegam romeiros de Sistelo, aldeia monumento nacional considerada o pequeno Tibete português, de Melgaço, Paredes de Coura e Ponte da Barca, e de outras zonas. “A romaria é marcada pela espontaneidade. As pessoas unem-se livremente. Tocam e dançam, sem nenhum tipo de organização. Os dias 5 e 6 de setembro são os dias fortes dos bailes populares. No primeiro dia são benzidas as gaitas de foles e no dia seguinte as concertinas. A festa simplesmente acontece no terreiro, com música popular. Concertinas, castanholas e gaitas de foles ouvem-se toda a noite numa tradição secular, bem representativa das relações ancestrais entre os dois povos vizinhos”, destacou César Maciel.

O concerto “Músicas à Senhora”, iniciado há seis anos, conta no dia 2 de setembro com a atuação de Ana Bacalhau. Celebrações religiosas, procissões e orações de vésperas, orações de Laudes, via-sacra e exposição do Santíssimo, bem como o hino Akathistos em honra da virgem, Mãe de Deus, são outros dos momentos religiosos das festas.

Este ano, a festa que segue a tradição das grandes peregrinações marianas “tem ainda mais significado” por estar em fase de final a sua classificação como Património Cultural Imaterial, tal como a classificação do Santuário de Nossa Senhora da Peneda como Monumento Nacional.

Elevado a santuário em 2020, foi construído no século XVIII junto a uma cascata e ao penedo das Meadinhas, sendo constituído pela igreja, terminada em 1875, pelo grande terreiro dos evangelistas e pela escadaria das Virtudes (com as imagens da fé, esperança, caridade e glória), com cerca de 300 metros. Nas suas laterais existem 20 capelas que retratam cenas da vida de Cristo e os quartéis, atualmente transformados em alojamento de peregrinos.