S.Torcato é o “santinho do povo” e dá nome à vila vimaranense. Tem um santuário elevado, em 2020, à categoria de Basílica que é um local de santidade para o povo, além de romarias que sempre atrairam multidões. Mas falta que tenha um dia próprio instituído no calendário lítúrgico da Igreja. Esta é a pretensão de que a Irmandade nunca desistiu e que, agora, «mais que nunca», quer ver concretizada.
«Nós, os irmãos e os fervorosos devotos de S. Torcato sabemos para onde queremos ir e este tempo é o certo. Estamos no ponto de partida com o qual sonhamos e ambicionamos durante séculos. S. Torcato e os seus devotos não podem esperar mais, este é o momento de agir e concretizar a legítima aspiração do reconhecimento de S. Torcato» nos altares da Igreja, formulou e solicitou, ontem, o juiz da Irmandade, Paulo Novais, perante o Arcebispo de Braga, na sessão pública de apresentação de duas obras que resultaram da investigação histórica, científica e análise documental sobre São Torcato e a Romaria Grande. «Dois monumentos em papel que valorizam imenso S. Torcato», qualificou o autor Raul Pereira, que assina o trabalho conjuntamente com Francisco Brito.
As publicações “São Torcato: Romaria a um Vale Infindável” e “São Torcato: História, Devoção e Património”, promovidas pelo Município e a Irmandade, num projeto financiado pelo Provere, visam a qualificação da romaria como Património Cultural Imaterial, mas aportam, sobretudo, «novos e importantes» dados históricos e científicos sobre o culto milenar a S. Torcato, que ajudam a suportar e fundamentar melhor aquela pretensão de fixar o dia 27 de fevereiro como Dia de S. Torcato em toda a liturgia das igrejas da Arquidiocese de Braga.
O que está em causa é a revisão do calendário litúrgico próprio da Arquidiocese de Braga, dado que o calendário existente, aprovado ainda no tempo de D. Eurico Dias Nogueira, «tem necessidade de ser revisto, mesmo porque S. Bartolomeu passou a santo, mas também porque há outros dados em relação a outros santos que na altura foram postos em causa», entre outros que entretanto foram beatificados. Este processo relativo ao que se designa “o Próprio de Braga” já está em marcha, sendo seguido e respeitado por todas as igrejas da Arquidiocese.
A proposta relativa a S. Torcato já havia sido iniciada pelo Arcebispo Emérito D. Jorge Ortiga, num trabalho que foi retomado e continuado pelo Arcebispo Primaz D. José Cordeiro, com os organismos próprios, «encontrando-se atualmente no Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, na Santa Sé», em Roma, entidade que tem de dar a respetiva autorização para que a pretensão da Irmandade de S. Torcato se possa cumprir. «Esperamos, tão breve quanto possível, ter essa boa notícia e poder comunicá-la a toda a Arquidiocese», anunciou D. José Cordeiro. O Arcebispo de Braga disse que esteve recentemente em Roma e que acredita no desfecho favorável do processo.