Depois de ter sido colocada à margem do financiamento do Estado à criação artística pela nova lei que regula a atribuição de apoios à Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, a cooperativa “A Oficina” viu serem-lhe atribuídos apoios de 450 mil euros para os vários projetos de criação artística que vai realizar ao longo de 2023.
O financiamento foi garantido através de negociações diretas entre o Município de Guimarães e o Ministério da Cultura, disse ontem o vereador que tem o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães. Falando à margem da conferência de imprensa de apresentação da edição de 2023 dos Festivais de Teatro Gil Vicente, Paulo Silva afirmou que «há [no Ministério da Cultura] uma perceção muito clara sobre o trabalho [criativo e cultural] que se faz em Guimarães», pelo que os apelos feitos pela autarquia da “cidade-berço” «têm tido eco».
O jovem vereador sublinhou que «foi a própria Direção-Geral das Artes que abriu as portas «a uma solução alternativa», quando a alteração ao novo modelo de financiamento da DGArtes deixou de fora a cooperativa que tem a responsabilidade de promover a criação artística e a democratização do acesso à produção cultural e ao mundo das artes.
Democratizar acesso à produção artística
Paulo Silva salienta que o Município de Guimarães não quer apenas uma solução especial para a “A Oficina”, porque «há outras casas de outros municípios que também financiam residências artísticas e culturais que não resposta no atual quadro de financiamento» estatal.
«Aquilo que queremos é uma solução estável, que não seja apenas para a “A Oficina” e que promova uma nova política cultural de financiamento às artes», precisou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, dando nota que o apoio que a “A Oficina” concede à criação artística é uma das marcas identitárias da edição deste ano dos Festivais de Teatro Gil Vicente, que estão «muito» focados na promoção da criação nacional.
O jovem autarca vimaranense destaca também o desafio que os festivais assumem na «desmistificação da ideia de que isto [da cultura e das artes] não é para nós». É que o Município de Guimarães «não quer» que a fruição cultural e artística «seja para elites» e está comprometido «com a democratização» do acesso à criação.
Por isso é que a edição deste ano dos festivais reforça os descontos no preço dos bilhetes, que vão de 20 a 50 por cento. «Esse é também o papel das artes, porque o teatro é para todos», resumiu.