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Carta com 47 mil assinaturas pede apoios justos para famílias de crianças com cancro

Carta com 47 mil assinaturas pede apoios justos para famílias de crianças com cancro
Fotografia DR

Redação/Lusa

Publicado em 05 de novembro de 2025, às 11:54

Associação Acreditar entrega hoje o documento à presidência da Assembleia da República

Uma carta aberta com 47.030 assinaturas a pedir apoios justos e cuidados adequados para crianças e jovens com cancro e suas famílias vai ser entregue hoje pela associação Acreditar à presidência da Assembleia da República.

“Num momento em que a prioridade deveria ser o cuidado e a recuperação do filho, muitas famílias veem-se confrontadas com a instabilidade financeira e com apoios sociais desajustados”, refere em comunicado a Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.

Para mitigar estas dificuldades, e em nome dos pais que representa, a Acreditar entrega simbolicamente a carta no Dia do Cuidador, hoje assinalado, com quatro medidas concretas que visam “corrigir as desigualdades e assegurar condições justas para quem cuida”.

As medidas propostas são “reforçar o apoio financeiro às famílias, garantindo que não há perda de rendimento do agregado familiar (100% do rendimento)” e “eliminar o teto máximo de pagamento mensal de dois Indexantes de Apoios de Sociais (IAS), que limita de forma injusta o montante do subsídio”.

“Permitir que ambos os cuidadores usufruam simultaneamente da licença nas fases mais exigentes da doença” e “dignificar o subsídio por funeral de uma criança, hoje de apenas 254,63 euros, face ao reembolso normal de até 1.567,50 euros (3 × IAS) para os adultos contribuintes” são outras propostas apresentadas na carta.

A diretora-geral da Acreditar, Margarida Cruz, salienta que “o pedido de reforço de direitos para as famílias das crianças com cancro é modesto face à dimensão do período que atravessam”.

“Por isso, a assinatura expressiva da Carta Aberta, onde esses pedidos são enumerados, se traduz em mais uma manifestação de que ninguém vai sozinho, quando o cancro se mete no caminho”, afirma Margarida Cruz.

Na carta dirigida ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro, os subscritores lembram o “impacto profundo” que o diagnóstico de cancro numa criança ou jovem tem nas famílias e em toda a comunidade que as rodeia.

Segundo a associação, surgem todos os anos em Portugal cerca de 400 novos casos, e cada um deles afeta entre 50 e 100 pessoas, entre familiares, amigos, profissionais de saúde, colegas, professores e vizinhos, representando "milhares de vidas que se reorganizam em torno da doença”.

“Tratar uma criança ou jovem com cancro implica uma abordagem integrada à sua condição: médica, emocional, social e familiar. É impossível fazê-lo na sua plenitude sem acompanhar também os pais, que asseguram tudo o que está inerente ao processo de tratamento”, lê-se na carta.

Para dar voz a estas famílias, a Acreditar realizou um Levantamento Nacional sobre os Problemas em Oncologia Pediátrica, em 2024, identificando os principais desafios que enfrentam no dia-a-dia.

“Os resultados mostram que, após o diagnóstico, o impacto financeiro médio é de 655 euros por mês, resultante da perda de rendimento, uma vez que o subsídio de assistência a filho com cancro apenas aproveita um progenitor e cobre apenas 65% do salário, tendo um limite máximo de 2 IAS (i.e. 1.045,00 euros por mês) — e do aumento das despesas com deslocações, terapias ocupacionais, alimentação especial e medicação”, salienta.

A associação realça no comunicado que a entrega da carta no Dia do Cuidador reforça o seu apelo para que “as políticas públicas reconheçam o papel essencial das famílias cuidadoras e lhes garantam condições justas para estarem onde são mais necessárias: junto dos filhos em tratamento”.

Destaca ainda que “o elevado número de subscritores reflete o consenso da sociedade civil quanto à necessidade de corrigir uma situação reconhecidamente injusta nos apoios às famílias”.