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Professores em manifestação em Lisboa para reclamar valorização urgente da carreira

Fotografia António Cotrim/Lusa

Redação/Lusa

Publicado em 04 de outubro de 2025, às 16:30

Uma manifestação de professores convocada pela Fenprof arrancou hoje, em Lisboa, em direção à sede do Governo, com o secretário-geral da federação sindical a defender ações imediatas para valorizar a carreira docente e suprir a falta de docentes.

Minutos antes da manifestação sair do Arco do Cego para a sede do Governo, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Francisco Gonçalves, afirmou ser necessário, “com urgência, valorizar a carreira e o estatuto da profissão, melhorar salários, ter uma carreira mais curta, resolver os problemas dos horários de trabalho”.

É necessário uma “revalorização urgente do estatuto da carreira docente e não como pretende fazer o ministério – prolongar isto até 2027 não resolve o problema”, afirmou, em linha com o que se entoará no início do desfile em uníssono: “Para a carreira melhorar, continuamos a lutar”.

Para assinalar o Dia Mundial do Professor, que se celebra a 05 de outubro, a Fenprof organizou uma concentração e desfile, no centro de Lisboa, do Jardim do Arco do Cego até à nova sede do Governo, onde se encontra a Presidência do Conselho de Ministros.

“A questão do pacote laboral, se vier a ser aprovado nos modos em que está, o direito à greve é claramente colocado em causa na educação. A questão da reorganização dos serviços do Ministério da Educação, a reforma do Estado, que nós chamamos o desmantelamento do Ministério da Educação, e depois, claro, a questão que tem a ver com a revisão do estatuto da carreira docente, que está muito ligada àquele grande problema que cada vez assume proporções maiores, o problema da falta de professores”, elencou Francisco Gonçalves.

“Temos mesmo que encontrar uma solução para estes 4.000 professores que todos os anos se vão aposentar ao longo das próximas duas décadas”, vincou.

Os professores erguem cartazes que elencam, cada um, uma reivindicação laboral e educativa: “Carreira atrativa”, “Aposentação justa”, “Horários adequados”, “Apoios para todos”, “Gestão democrática”, “Concursos por graduação”. A seguir a cada expressão, segue-se em cada cartaz a mesma frase: “Isto não vai com aura. Vai com luta!”.

À medida que os professores iam chegando à manifestação, de uma carrinha com colunas de som ecoava a primeira música, para testar o som, com “Venham mais cinco”, de Zeca Afonso . Segue-se, “Liberdade”, de Sérgio Godinho.

Da carrinha não sai apenas música, saem também mensagens de protesto. Num cartaz colocado na parte superior do veículo está uma caricatura do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do ministro da Educação, Fernando Alexandre, cada um segurando na nas mãos um martelo, para transmitir a ideia – posta a escrito numa frase por baixo – de que a sua ação política representa uma “destruição do escola pública”. Por baixo, colado na lateral da carrinha está outro cartaz, onde se lê que os professores, educadores e investigadores estão “contra o pacote laboral” que o Governo pretende aprovar este ano.

Com a ação de luta, sob o lema “Unidos pela profissão, unidos pelo futuro”, a federação sindical protesta contra o que diz ser a ausência de respostas efetivas para a progressiva falta de professores nas escolas públicas, para reclamar medidas que valorizem a profissão docente e para lembrar ao Governo os compromissos assumidos a nível internacional em defesa da escola pública.

O ‘slogan’ da ação decalca o lema escolhido pela Internacional da Educação para 2025, saído da Cimeira da UNESCO sobre os Professores, em Santiago do Chile, onde, a 29 de agosto de 2025, foi adotado o Consenso de Santiago, um documento orientador com um conjunto de recomendações à Unesco sobre o futuro da educação, incluindo para que a relação professor-aluno seja considerada “um património comum da humanidade”.

Segundo dados do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), conhecidos a 22 de setembro, uma semana após o arranque oficial do ano letivo 2025/2026, 78% das escolas públicas têm falta de, pelo menos, um professor, havendo 38 estabelecimentos com mais de 10 horários por preencher, a esmagadora maioria nas zonas de Lisboa e Península de Setúbal.