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Nuno Melo diz-se alvo de mentiras sobre aviões nas Lajes

Fotografia DR

Redação/Lusa

Publicado em 04 de outubro de 2025, às 15:03

O presidente do CDS-PP e ministro da Defesa, Nuno Melo, reiterou hoje que o seu Ministério “não tem nada a ver” com os aviões norte-americanos com destino a Israel que fizeram escala nas Lajes e disse-se alvo de mentiras.

“Para mim é impressionante que uma notícia que é falsa na substância possa ter feito o seu caminho durante 24 horas, a propósito daquilo que não passa por mim, porque não tem nada que ver com a Defesa Nacional, criando perceções erradas nas pessoas para que, se calhar, no fim do dia se estranhe que os extremismos crescem”, reagiu Nuno Melo.

Nuno Melo falava à margem de uma ação de campanha em Viseu, enquanto líder do CDS-PP, acompanhando o candidato das eleições autárquicas de 12 de outubro, mas foi abordado na rua, também, enquanto governante.

Nuno Melo referiu-se, nas declarações aos jornalistas, a uma alegada autorização sua da escala de caças F-35 com destino a Israel na Base das Lajes, nos Açores.

O Governo esclareceu que a passagem das aeronaves norte-americanas aconteceu sem comunicação prévia ao chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, uma “falha de procedimento”, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que disse quer apurar responsabilidades.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, sublinhou hoje um outro aspeto, o de que “o Governo não interveio em nenhum ato” que possa ser entendido como venda de armamento militar a Israel.

“Lutar pela verdade é também, cada vez mais, uma luta pela liberdade e pela democracia, porque as chamadas ‘fake news’, as notícias falsas, distorcem o regime democrático, poluem o debate público, causam um dano terrível e, realmente, ajudam à ascensão dos extremismos”, defendeu.

“Uma notícia sobre factos que me eram atribuídos, que nunca pratiquei, sobre competências da Defesa Nacional, que a Defesa Nacional não tem, mas que ainda assim fez o seu caminho, criando essa perceção, que é falsa e levando até a reações”, disse.

Nuno Melo disse que um pedido de autorização dos aviões para aterrar nas Lajes é algo que “não existe” e “é completamente absurdo”.

O governante atacou ainda “comentadores de televisão, de referência” a dizer que o ministro da Defesa “tinha autorizado, sem informar outra área da tutela, o envio de caças e isto é tão ridículo, tão falso, tão mentiroso, tão absurdo, que impressiona que a mentira faça um curso tão fácil e que reputados comentadores, em cima dela, tenham prelações de sapiência que os devia envergonhar a todos”.

“A mentira não pode fazer caminho, não pode criar falsas perceções. O debate público precisa de verdade para que assente na verdade, seja saudável e chegando a palavra, tal e qual é proferida ao destinatário, então a opção dos eleitores seja consciente. Se a verdade é distorcida ou manipulada, o que chega ao destinatário é mentira e isso é absolutamente insuportável em democracia”, defendeu.

Questionado se está disponível para ser ouvido no parlamento, o ministro da Defesa assumiu-se “parlamentar na essência”.

“Gosto muito de ir ao parlamento e estarei no parlamento com todo o gosto, não sei é para dizer o quê, porque eu vou ao parlamento dar explicações sobre aquilo que não tem a ver com a Defesa Nacional? Não é ridículo? Transforma o debate público numa coisa esotérica, aprece que estamos a viver numa realidade paralela”, apontou.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) reconheceu na quinta-feira uma falha de procedimento, a nível interno, quando não foi informado pelos serviços de que aviões norte-americanos F-35 com destino a Israel iriam passar pela base das Lajes, nos Açores.

O movimento das aeronaves, em abril, foi alvo de um parecer favorável da AAN (Autoridade Aeronáutica Nacional), que depende do Ministério da Defesa Nacional, e teve “comunicação e autorização tácita”, segundo o MNE.

A falha, de acordo com o Governo, não permitiu que houvesse um alerta para um nível político que permitisse a tomada de uma decisão de oposição.

PS, PCP e Livre já anunciaram que vão chamar ao parlamento o chefe da diplomacia, Paulo Rangel, e também o ministro da Defesa, Nuno Melo, cuja demissão foi pedida pelo Bloco de Esquerda e recusada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.