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Câmara do Porto aprova compra de parte da casa de Almeida Garrett por 1ME

Câmara do Porto aprova compra de parte da casa de Almeida Garrett por 1ME
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 29 de setembro de 2025, às 15:49

Será criado um núcleo museológico de homenagem ao escritor

O executivo da Câmara do Porto aprovou hoje, com o voto contra do Bloco de Esquerda, comprar uma fração com três pisos da Casa de Almeida Garrett por um milhão de euros para aí instalar um núcleo museológico de homenagem ao escritor.

“Como sabem, era uma coisa que nós gostávamos de deixar arrumada [antes do final do mandato] e finalmente conseguimos arrumar”, declarou Rui Moreira aos jornalistas, à margem da reunião de hoje do executivo municipal, que decorreu à porta fechada.

Garantindo que “não foi fácil” conjugar os valores da avaliação externa e aquele pedido pelo proprietário, o presidente da autarquia negou que o valor de um milhão de euros se trate de um “bom negócio para o privado”.

“Eu acho que não foi um bom negócio para o privado, porque eu acho que teria a possibilidade de vender aquilo, pelo menos, 30% acima desse valor (...). O vendedor queria mais, mas nós dissemos-lhe que não podíamos. Sucede que tivemos a sorte que o vendedor é um portuense que tem essas preocupações também e que gostará de ver o Museu do Liberalismo construído. Os privados não são sempre os maus da fita”, declarou Rui Moreira, que disse que o próximo executivo “tem todas as condições” para aí fazer o núcleo museológico.

Aquele imóvel pertence desde 2018 à sociedade anónima Midfield - Imobiliária e Serviços, com sede na Avenida da Boavista, e detida pelos membros do conselho de administração da Teak Capital, um fundo de investimento da família Moreira da Silva.

Pela CDU, a vereadora Joana Rodrigues relembrou algumas propostas apresentadas pela sua vereação ao longo dos anos para proteger aquele “edifício com história”, lamentou que não se tenha adquirido o imóvel na sua totalidade, e questionou se não deveria haver um apoio do Governo por se tratar de “património do país”.

Lamentando também a impossibilidade da aquisição do edifício todo, a socialista Rosário Gambôa considerou “bastante importante” a compra de uma parte para a construção de um Museu do Liberalismo numa cidade que se identifica como “cidade liberal e cidade da liberdade”.

De acordo com a proposta, a que a Lusa teve acesso, a casa, no Centro Histórico, é “o mais relevante testemunho urbanístico nacional da passagem de Almeida Garrett, um marco da história e identidade portuense e portuguesa”, motivos usados para justificar que o imóvel seja “o local ideal para a criação de um espaço museológico de valorização da sua vasta obra literária, bem como do Liberalismo e Romantismo portugueses”.

No documento assinado pelo vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, é descrito que o dono do imóvel apresentou um pedido de licenciamento para criar, naquele espaço, habitação coletiva e comércio e serviços e que o mesmo “aceitou alienar ao Município uma das futuras frações previstas neste edifício”.

Pelo valor de um milhão de euros, o município vai ficar com uma fração composta por três pisos que lhe será entregue “com o prédio reabilitado e com o espaço da fração em tosco com infraestruturas à porta e com todas as zonas comuns acabadas e em funcionamento”.

Há duas semanas, a autarquia liderada por Rui Moreira disse, em resposta à Lusa, estar ainda em negociações para adquirir uma parte do imóvel.

O imóvel é composto por várias frações situadas na rua do Dr. Barbosa de Castro, nºs 37 a 43 e ainda no Passeio das Virtudes, nºs 16 a 26.

Já há quase um ano que a casa onde nasceu Almeida Garrett está à venda pela imobiliária portuense Metro3 por 3,8 milhões de euros.

Em novembro de 2023, o presidente da Câmara do Porto esclareceu que a avaliação externa solicitada pelo município há uns anos indicava que a casa de Almeida Garrett valia cerca de 1,5 milhões de euros, uma valor muito diferente do pedido pelos proprietários, motivo apontado para que não se pudesse exercer direito de preferência.

Em 27 de abril de 2019, a casa onde o escritor nasceu e viveu cinco anos foi consumida pelas chamas de um incêndio que deflagrou durante a madrugada