Em média, foram 56 milhões de euros por dia a circular nas plataformas legais, num total anual de 20.667 milhões de euros. Os operadores somaram 1,1 mil milhões de euros de receita bruta e o Estado arrecadou mais de 300 milhões em impostos, segundo dados oficiais do regulador.
Portugal conta hoje com mais de quatro milhões e meio de contas de jogadores registadas em plataformas licenciadas. O crescimento do bolo não resultou de uma vaga de novos utilizadores, os novos registos até recuaram ligeiramente face a 2023, mas sim de maior intensidade de jogo entre quem já jogava.
No retrato fino dos hábitos, uma parcela minoritária do volume anual foi canalizada para as apostas desportivas, cerca de 10% do total, enquanto os jogos de fortuna ou azar, como slots, roleta, blackjack, entre outros, concentraram a maioria do dinheiro em circulação.
Ao mesmo tempo, a receita bruta do setor bateu um novo máximo no 4º trimestre de 2024, ao atingir 323 milhões de euros, valor confirmado no relatório trimestral do SRIJ. Para além das apostas desportivas e dos casinos online, há um segmento que vem ganhando terreno entre os jogadores, o poker.
Uma parte dos praticantes procura hoje mesas e torneios de poker online valendo dinheiro real, modalidade que também contribui para o faturamento do setor. São um perfil de utilizador diferente, o que demonstra que o jogador português é tão variado quanto a própria indústria.
O que jogam e porquê
Os trimestres mais recentes mostram um peso dominante do casino online na receita, com as apostas desportivas a alternar picos de atividade em função do calendário competitivo. No 3º trimestre de 2024, por exemplo, 65,7% da receita bruta do online veio de jogos de fortuna ou azar e 34,3% de apostas à cota.
No 2º trimestre, a proporção também favoreceu o casino, 60,5% vs 39,5%. Em ambos os períodos, a tendência apontou para uma base alargada de consumo em slots e jogos de mesa, com variações marginais trimestre a trimestre. A explicação combina fatores de oferta e experiência de utilizador.
Por um lado, as bibliotecas de jogos e as mesas com crupiê ao vivo multiplicaram-se nos operadores licenciados. Por outro, a fluidez de pagamentos e a fricção reduzida no registo e no levantamento tornaram-se critérios decisivos para a preferência do público, como relatam estudos sobre hábitos e motivações de jogo em Portugal.
No poker, a profissionalização do ecossistema também conta. A entrada de novas métricas e leitura de padrões em tempo real altera o modo como os praticantes avaliam o risco de cada mão, ajustam ranges e calibram o “stop-loss” de uma sessão.
Tendências de mercado e outros comportamentos da indústria
O fecho de 2024 com 323 milhões de euros de receita bruta no 4º trimestre não foi um outlier isolado. O ano já vinha forte com 261,8 milhões no 2º trimestre, 266,3 milhões no 3º, com o segmento de jogos de fortuna ou azar a liderar a receita e as apostas à cota a acelerar quando o calendário do futebol assim o permitiu.
O recorde trimestral estabeleceu o estatuto do online como um dos motores da economia do entretenimento. Do ponto de vista do consumidor, os dados públicos sugerem um jogador médio mais intenso no uso, com gasto por sessão relativamente elevado em segmentos específicos.
No desporto, a futebolização do calendário continua a pautar as oscilações semanais, mas o online vive cada vez mais de uma base de receita recorrente nas slots e em jogos de mesa. A informação disponível indica que o perfil é híbrido, já que muitos jogadores combinam online e offline.
Com apostas em canais digitais e consumo de lotarias tradicionais exploradas pela Santa Casa, compondo um portefólio de jogo que transita entre produtos e plataformas. E, para lá dos volumes, há linhas estruturais importantes.
A primeira é regulatória e fiscal. O Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online (RJO) fixa bases e deveres, da robustez do sistema técnico à informação ao jogador, e estabelece o IEJO, que incide sobre a receita bruta nos jogos de fortuna ou azar e sobre o montante apostado nas apostas à cota.
No caso dos casinos online, a taxa legal aplicável é de 25%, num enquadramento que tem pesado nas margens, mas traz previsibilidade ao mercado. A segunda é operacional e tecnológica. Pagamentos instantâneos tornaram-se padrão e reduzem fricção no depósito e no levantamento.
O MB WAY, por exemplo, estabeleceu-se como método de pagamento recorrente em operadores licenciados, favorecendo a experiência “mobile-first” e a retenção de utilizadores.
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