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Líder parlamentar do PS pede “mais serenidade” no debate sobre imigração

Líder parlamentar do PS pede “mais serenidade” no debate sobre imigração
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 27 de janeiro de 2025, às 10:07

A líder parlamentar do PS pediu, no domingo, “mais serenidade” no debate em torno das declarações do secretário-geral sobre imigração e a manifestação de interesse, incluindo aos socialistas, e defendeu que a posição de Pedro Nuno Santos não é nova.

“As reações na sociedade, nas forças políticas, à entrevista do secretário-geral do PS demonstram bem uma coisa que é, a meu ver, um dos primeiros problemas deste assunto, do assunto da imigração, que é ele estar a ser tratado com uma enorme polarização na sociedade e nas diversas forças políticas, é ele ser tratado com uma perspetiva sempre pouco serena, pouco construtiva, muito polarizada, muito extremada”, afirmou Alexandra Leitão.

No programa de comentário Princípio da Incerteza, na CNN Portugal, apelou a “mais serenidade e mais construtividade neste debate, de todos, a começar na própria sociedade”.

Questionada pelo moderador, o jornalista Carlos Andrade, se este apelo também se dirige ao interior do PS, a deputada respondeu: “A todos”.

“O pedido de serenidade e de construtividade neste debate aplica-se a todos, à sociedade, às forças políticas, aos técnicos, aos cientistas, a todos, e a mim própria também, antes de mais”, indicou, pedindo também que não “se extrapole a partir de duas ou três afirmações”.

A líder parlamentar do PS defendeu igualmente que “não foi o PS, nem agora o secretário-geral do PS, que tomou nenhuma posição nova relativamente à manifestação de interesse”.

Alexandra Leitão assinalou que quando o PS pediu a apreciação do decreto-lei do Governo que revogou as manifestações de interesse, em junho, não teve como intenção repor este mecanismo.

“O requerimento diz que é preciso legislar para ocupar, para preencher, o vazio legal que ficou deixado pelo Governo no momento em que revoga, sem substituir, a figura da manifestação de interesse”, afirmou.

A deputada disse que, na mesma linha, Pedro Nuno Santos quis transmitir que o PS identificou “um vazio legal [que] tem que ser preenchido”, e não se revê “na figura da manifestação de interesse tal como está”.

Alexandra Leitão indicou que o PS está “a estudar” alternativas e, apesar de “não ser muito fácil”, afirmou o partido já tem “umas três ou quatro pistas”, mas não as quis concretizar.

A dirigente estimou que essas propostas possam ser apresentadas “provavelmente ainda esta semana”.

Também na noite de domingo, Alexandra Leitão esteve no programa da SIC “Isto é Gozar com Quem Trabalha”, onde afirmou que "a cultura do PS é mesmo a de pluralismo, portanto está totalmente respeitada" e defendeu que "estes debates devem ser feitos com base em informações e dados, em estudos científicos, e menos com base em polarização e extremismos".

Em entrevista ao Expresso, o líder do PS admitiu que não se fez tudo bem nos últimos anos quanto à imigração e que irá propor uma solução legislativa que permita regularizar imigrantes que estão a trabalhar, mas recusa recuperar a manifestação de interesse.

Pedro Nuno Santos prometeu para o final do mês uma proposta para acabar com uma "situação de terra de ninguém ou um vazio na lei" porque foi eliminada a manifestação de interesse, mas recusou recuperar esse instrumento tal como existia porque aquilo que é preciso é "encontrar válvulas de escape que permitam a regularização de imigrantes que estão a trabalhar".

"Não fizemos tudo bem nos últimos anos no que diz respeito à imigração", assumiu. Na opinião do líder do PS, o "Estado e o país não se prepararam para a entrada intensa de trabalhadores estrangeiros", dando como exemplos o SNS, a educação ou a habitação.

Estas declarações foram criticadas dentro do PS por figuras como a eurodeputada e antiga ministra Ana Catarina Mendes, o deputado e antigo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro (que disputou a liderança contra Pedro Nuno Santos) ou o ex-líder parlamentar Eurico Brilhante Dias.