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Quase todos em Portugal apoiam medidas para combater alterações climáticas

Quase todos em Portugal apoiam medidas para combater alterações climáticas
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 11 de novembro de 2024, às 10:20

Quase todos os portugueses (99%) apoiam medidas para combater as alterações climáticas, questão que 66% consideram prioritária, revela o último Inquérito sobre o Clima do Banco Europeu de Investimento (BEI) divulgado hoje.

Para esta sétima edição do inquérito anual sobre o clima da instituição de financiamento a longo prazo da UE, realizado no passado mês de agosto, foram inquiridas mais de 24.000 pessoas na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos, 1.009 das quais em Portugal.

A divulgação do estudo ocorre no mesmo dia em que se inicia em Baku, no Azerbaijão, a 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que vai decorrer até dia 22.

Em Portugal, “as alterações climáticas encontram-se entre os cinco maiores desafios que o país enfrenta, a par da instabilidade política e a seguir ao aumento do custo de vida, ao acesso aos cuidados de saúde, à migração em grande escala e ao desemprego”, indica o comunicado do BEI sobre a sondagem.

A necessidade de adaptação às alterações climáticas é reconhecida por 99% dos inquiridos no país, mais do que a média da UE de 94%, e 66% (16% acima da média do bloco europeu) consideram que essa adaptação é uma prioridade.

Para 95% (86% na UE), o investimento na adaptação às alterações climáticas pode ajudar a criar emprego e a estimular a economia local, pensando a mesma percentagem que tal deve ser feito agora “para evitar custos mais elevados no futuro”.

“As pessoas sabem que temos de agir agora para nos adaptarmos e atenuarmos os efeitos das alterações climáticas, mas uma transição bem planeada é também a que faz mais sentido do ponto de vista económico. Cada euro investido na prevenção e na resiliência permite poupar entre cinco e sete euros na reparação dos danos”», afirmou a presidente do BEI, Nadia Calviño, citada no comunicado.

A frequência e gravidade dos fenómenos climáticos extremos devido à ação humana, como foi o caso das recentes tempestades e inundações em Espanha que causaram mais de 200 mortos e danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes, mostram a necessidade de acelerar políticas que travem o aquecimento global.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na quinta-feira para o facto de as alterações climáticas estarem a deixar as pessoas doentes, indicando que agir rapidamente é “uma questão de vida ou de morte”.

A Europa é, atualmente, “o continente que regista o aquecimento mais rápido”, segundo um relatório da Agência Europeia do Ambiente.

Segundo o inquérito do BEI, 86% dos portugueses (seis pontos percentuais acima da média da UE) foram afetados por pelo menos um fenómeno meteorológico extremo nos últimos cinco anos.

“Mais especificamente, 63% (oito pontos acima da média da UE) foram atingidos por calor extremo e ondas de calor, 48% (27 pontos acima da média da UE) enfrentaram incêndios florestais e 43% (oito pontos acima da média da UE) foram afetados por secas”, refere o comunicado.

Em relação a consequências dos fenómenos climáticos extremos, 28% dos portugueses questionados disseram ter tido florestas ou espaços naturais destruídos perto das suas habitações (mais nove pontos percentuais do que a da média da UE) e 24% disseram ter sofrido problemas de saúde, como insolação ou problemas respiratórios.

O inquérito revelou ainda que 77% dos portugueses (72% na UE) reconhecem que terão de mudar e adaptar o seu estilo de vida devido às alterações climáticas, pensando 37% que terão de mudar-se para um local menos vulnerável ao clima, mesmo que seja na mesma região, e 30% que terão de mudar-se para uma região ou para um país mais fresco.

Para a adaptação às alterações climáticas, 52% (38% na UE) defende que se eduquem os cidadãos para agirem de modo a prevenir e enfrentar os fenómenos climáticos extremos, 38% consideram prioritário apostar no arrefecimento das cidades e 37% na melhoria das infraestruturas.

Os custos da adaptação devem ser pagos “pelas empresas e indústrias que mais contribuem para as alterações climáticas” segundo 49% (14 pontos percentuais a mais que a média europeia), enquanto 30% defendem que “todos devem pagar o mesmo” e 8% que sejam os mais ricos a suportá-los, através de impostos mais elevados.

Quanto às ajudas para a adaptação, 25% dos portugueses disseram que os primeiros beneficiários devem ser as pessoas que vivem em zonas de alto risco, 32% que deve ser dada prioridade aos idosos e 38% que “todos devem beneficiar de igual modo”.

“A maioria dos portugueses (67%, 10 pontos acima da média da UE) reconhece a necessidade de apoiar os esforços de adaptação a nível mundial e considera que o seu país deve fazer mais para ajudar os países em desenvolvimento mais vulneráveis a adaptarem-se aos impactos crescentes das alterações climáticas”.

O comunicado indica ainda que em 2023 o investimento do BEI em Portugal dedicado à ação climática e à sustentabilidade ambiental atingiu os 746 milhões de euros.

A COP29 deverá ser marcada pelas negociações do chamado “novo objetivo quantificado coletivo” (NCQG na sigla em inglês) de financiamento para a ação climática.

Pretende-se estabelecer um novo valor da ajuda financeira Norte-Sul para a luta e adaptação às alterações climáticas, depois de na conferência do ano passado os países terem concordado com uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos e em triplicar a capacidade das energias renováveis até 2030.