A CDU saudou hoje quem votou na coligação “num contexto muito difícil”, salientando que a possível eleição de um eurodeputado garantiria uma voz em Estrasburgo na defesa dos interesses nacionais, mas ressalvou que ainda está “tudo em aberto”.
Em declarações à imprensa num hotel lisboeta onde está a decorrer a noite eleitoral da CDU, o membro do Comité Central do PCP Vasco Cardoso salientou que as projeções ainda são incertas, “até porque o método eleitoral se alterou ligeiramente, o que não permite fazer uma aferição tão rigorosa como noutros momentos”.
No entanto, caso se confirme a eleição de um eurodeputado da CDU, Vasco Cardoso considerou que isso “seria a garantia de que haverá no Parlamento Europeu uma voz, em muitos aspetos única, na defesa dos interesses nacionais, da paz, dos direitos dos trabalhadores”.
“Isso é o mais importante neste momento”, disse.
Questionado se, caso a CDU não consiga eleger dois eurodeputados, a coligação considera que isso seria uma derrota, Vasco Cardoso respondeu: “Eu creio que nós precisamos de ainda ir até ao fim da noite para perceber exatamente como é que são os resultados”.
No entanto, o membro do Comité Central do PCP destacou a possível eleição de um eurodeputado da CDU num “contexto particularmente difícil”.
Vasco Cardoso referiu que a coligação “não cedeu em função desta ou daquela vantagem eleitoral para deixar de dizer as coisas como elas são”, em particular no que se refere à “dependência externa, as consequências da guerra ou o processo de integração europeia que está em confronto com as necessidades de desenvolvimento do país”.
O dirigente do PCP quis ainda saudar aqueles que, “num momento particularmente exigente, tiveram a determinação e a coragem de dar o seu voto à CDU, e a determinação para a exigência de melhores salários, pensões, direito à saúde, à habitação”.
Tiveram coragem “de, com o seu voto, dar força àqueles que denunciam aquilo que é uma crescente dependência externa, a corrida aos armamentos, a corrida no sentido de uma confrontação que pensamos que é inaceitável e, ao mesmo tempo, a coragem de defender a soberania nacional”, acrescentou.
Questionado sobre como é que vê o crescimento da extrema-direita em toda a Europa, Vasco Cardoso manifestou preocupação, considerando que se trata de “um momento muito difícil e exigente”.
“Eu diria que essa dinâmica que está a ser desenvolvida, diria até promovida e projetada, e tem também o outro lado da moeda: as forças mais consequentes, mais patrióticas, mais defensoras da paz, mais vinculadas aos interesses dos trabalhadores (…) são atacadas, de uma forma muitas vezes não lisonjeira”, disse.
O dirigente comunista referiu, contudo, que a vida mostra que “há avanços e recuos, mas desde que haja uma determinação muito clara em estar sempre ao lado dos trabalhadores, do povo e do país, mais cedo do que tarde isso produz também resultados”.