O cabeça de lista da CDU às eleições europeias disse hoje esperar que a visita do Presidente da Ucrânia a Portugal permita ao Governo “clarificar e afirmar a sua disponibilidade” para uma solução diplomática que trave a guerra.
“Espero que esta visita possa constituir uma oportunidade para que o Governo português possa clarificar e afirmar a sua disponibilidade e a sua perspetiva de intervenção política e diplomática para que se encontre uma urgente solução que trave a guerra”, afirmou João Oliveira.
O candidato às eleições europeias falava aos jornalistas na estação ferroviária de Algueirão Mem-Martins, no concelho de Sintra, antes de apanhar um comboio para a Reboleira, na Amadora.
Para o cabeça de lista da CDU, do que o povo ucraniano precisa, assim como todos os povos a nível internacional, é de uma “solução de paz para a Ucrânia e de uma solução de segurança coletiva para toda a Europa”.
Questionado sobre como é que encara o acordo de cooperação que deverá ser hoje assinado entre o Governo português e a Ucrânia, e que inclui assistência humanitária, financeira, militar e política, João Oliveira respondeu que, nos últimos dias, se tem ouvido falar em “F-16, mais armas e mais capacidades militares”.
“Tudo isso contribui para a continuação da guerra e para a utilização do povo ucraniano como carne para canhão e para a afirmação de uma perspetiva de escalada, onde já se fala inclusivamente na utilização de armas para atacar o território”, afirmou.
O candidato criticou quem está a “falar com uma ligeireza e com um grau de irresponsabilidade absoluta a propósito da guerra, como se não se estivesse a falar do envolvimento de países com capacidade nuclear em confronto”.
“É precisamente por essa ligeireza, como se a guerra fosse uma questão a que nós assistimos à distância, sentados no sofá, que se continua a insistir na guerra. Ora, a solução tem de ser a paz: essa paz na Ucrânia, tal e qual como na Palestina”, defendeu.
João Oliveira reforçou que “a guerra tem de ser parada” e tem de haver “alguém que ponha o dedo na ferida, apontando a responsabilidade daqueles que continuam a falar da guerra com a ligeireza com que falam, e que não mexem uma palha, não fazem um esforço para que haja paz”.
“Nós continuaremos a insistir nesta tónica: não se pode tratar a guerra como se fosse uma questão tratada à distância sentado no sofá. Há pessoas a morrer na Ucrânia e noutros pontos do mundo, é preciso que esses povos tenham soluções de paz”, sustentou.
Interrogado se não teme que a posição da CDU sobre o conflito na Ucrânia lhe possa vir a custar votos, João Oliveira respondeu: “Se quem defende a paz perder votos com isso, é um retrato sombrio dos tempos que estamos a viver”.
“É agora que estamos a construir a história que há de ficar escrita nos livros daqui por 30 ou 40 anos, e nós não desistiremos de lutar pela paz hoje, como lutámos no século XX contra os conflitos que atingiram a Europa em todas as circunstâncias”, disse.
Sobre se o PCP foi convidado para participar nalgum ponto da agenda de Zelensky hoje em Lisboa, João Oliveira disse que, tanto quanto sabe, essa questão não foi colocada.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, realiza hoje à tarde uma visita a Portugal, em que será recebido pelo chefe de Estado e pelo primeiro-ministro e assinará de um acordo de cooperação bilateral para dez anos.
Segundo uma nota divulgada na segunda-feira pela Presidência da República Portuguesa e pelo gabinete do primeiro-ministro, trata-se de uma "visita de trabalho" com o objetivo de "aprofundar as excelentes relações entre os dois estados, com enfoque particular no reforço da cooperação no domínio da segurança e defesa".