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Quatro das 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos abrangem Portugal

Quatro das 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos abrangem Portugal
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 18 de março de 2024, às 09:23

O grupo de trabalho da União Internacional para a Conservação da Natureza aprovou a criação de 33 novas áreas de Importância para Mamíferos Marinhos, sendo que quatro abrangem Portugal, revelou hoje um centro da Universidade do Porto.

 

Em comunicado, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que integrou o grupo de trabalho, esclarece que as recém-aprovadas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos, designadas de IMMAs, são resultado de "um encontro de trabalho científico intensivo".

Durante esse período, os investigadores avaliaram, compilaram e analisaram os dados relevantes para a definição destas 33 novas áreas, que já foram adicionadas ao e-Atlas e que estão disponíveis para consulta e acesso.

Citada no comunicado, a investigadora Mafalda Correia, do CIIMAR, esclarece que as escolhas tiveram por base critérios relacionados com “a ecologia e biologia das espécies”, podendo ser úteis para a ciência, sociedade e gestão marinha.

Destas 33 novas áreas, quatro abrangem o território português, incluindo os arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Uma das IMMA que engloba a costa continental portuguesa “tem como uma das espécies alvo o boto”, que “corre sério risco de extinção na nossa costa", afirma a investigadora Cláudia Rodrigues, do CIIMAR.

Outra das IMMA é a do Sado, que destaca a importância da região para "a pequena população residente de roazes, que é altamente dependente do estuário do Sado para atividades vitais, como a alimentação, o repouso e a amamentação das suas crias”, refere a investigadora Inês Carvalho, do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Também Francisco Martinho, da Associação para as Ciências do Mar – APCM, considera que “seria importante que esta IMMA funcionasse como uma chamada de atenção para a urgência da união de esforços de conservação desta população única de golfinhos em Portugal”.

Já a IMMA dos Açores engloba “as águas em redor de todas as ilhas até à batimétrica dos dois a três mil metros de profundidade” e visa a proteção da "elevada biodiversidade de cetáceos na região".

Esta IMMA destaca a importância do arquipélago “como área de alimentação, reprodução e migração de várias espécies ameaçadas ou vulneráveis, como a baleia azul, baleia comum ou o cachalote”, assinalam os investigadores Mónica Silva, Laura Gonzalez, Sergi Pérez-Jorge e Margarida Rolim, da Universidade dos Açores.

Por sua vez, a IMMA da Madeira estendeu-se ao território espanhol, abrangendo também as ilhas canárias.

“Esta IMMA alberga um terço da biodiversidade global de cetáceos, onde habitam populações residentes de roazes, baleias-piloto e baleias-de-bico”, refere Luís Freitas, do Museu da Baleia da Madeira.

Já Filipe Alves, do The Marine and Environmental Sciences Centre (MARE), sublinha a importância da área para a “alimentação, repouso, socialização e desenvolvimento das crias de pelo menos 10 espécies de cetáceos”.

Os investigadores apelam agora a que estas IMMAs sejam consideradas no ordenamento do território marinho, criação de áreas marinhas protegidas e na realização de avaliações de impacto ambiental.

A nível mundial existem atualmente 380 IMMAs e 185 zonas de interesse.