O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, destacou, no domingo, o reforço da saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como uma das prioridades na área da Saúde, caso vença as eleições legislativas a 10 de março, para superar “os maus resultados” apresentados sistematicamente nesta área.
“Sabemos bem que só conseguiremos superar esses maus resultados se a medicina dentária passar a ser uma realidade consistente no SNS. Iremos promover um programa de saúde oral que, de forma gradual e progressiva, garanta cuidados de saúde oral aos portugueses no SNS e, nesse esforço, será fundamental a criação de uma carreira de medicina dentária no SNS”, acentuou, no discurso de encerramento do 24º Congresso Nacional do PS.
Em declarações hoje à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMS), Miguel Pavão, afirmou que as declarações de Pedro Nuno Santos aumentam o “nível de compromisso” que já existia nos programas eleitorais do PS para as eleições legislativas e autárquicas.
“Já no tempo de António Costa, em 2016, assumiu-se sempre a saúde oral como uma vertente de investimento, que ficou depois aquém daquilo que foram algumas das promessas, nomeadamente, os 280 médicos dentistas que depois nunca se vieram verificar”, afirmou.
Reconhecendo que “houve uma pandemia pelo meio”, o bastonário disse que “o nível de compromisso tem vindo a aumentar”.
Recordou que o atual Governo, que está em gestão até à tomada de posse do próximo executivo, já tinha prevista a criação da carreira, que “ficou comprometida” com a queda do Governo.
“Por isso, eu diria que é com muito bons olhos que vemos agora um reforçar desse compromisso por parte do novo secretário-geral do Partido Socialista”, salientou o bastonário, realçando as afirmações de Pedro Nuno Santos em que diz que pretende de uma forma gradual e progressiva garantir os cuidados de saúde oral e, para isso, a carreira é um ponto basilar.
Miguel Pavão acrescentou que “qualquer pessoa que esteja na tutela da saúde tem noção de que, sem a carreira, não se consegue viabilizar esta garantia dos cuidados de saúde oral no SNS”.
Destacou, por outro lado, o facto de Pedro Nuno Santos ter falado de “um programa consistente”, esperando que se reverta em mais investimento para a saúde oral.
Para Miguel Pavão, “não se pode continuar a ter uma proposta ambiciosa que depois, no Orçamento do Estado, tem apenas 20 milhões de euros de investimento”.
Numa altura em que se vai entrar em campanha eleitoral para as eleições legislativas, o bastonário defendeu ser importante perceber “se este desafio que Pedro Nunes Santos posiciona como prioritário” também vai ser elencado por outros partidos políticos.
“A Ordem dos Médicos Dentistas gostaria de conhecer as ideias, as ambições para a saúde oral, de outros partidos, ainda que saibamos que existem partidos que veem diferentes modelos, se calhar mais assentes no privado, se calhar mais assentes no social, não tanto no público, mas será muito importante comprometer também os outros partidos políticos nesta matéria”, defendeu.